Exploração da Antártida começou há quase 200 anos com pesquisadores russos
Há quase 200 anos, os exploradores russos Mikhail Lazarev e Faddey Bellinsghauzen exploraram pela primeira vez a Antártida. Já em 1956, surgiu no continente a primeira estação polar soviética, “Mirnyi” (da paz, em russo). Desde então, a Rússia mantém uma posição de liderança nas pesquisas do chamado sexto continente, onde hoje funcionam cerca de 60 bases e estações, pertencentes a 11 países.
Aparentemente, é impossível viver na Antártida, haja visto o imenso gelo sólido e as temperaturas que podem chegar a 80 graus negativos no inverno e a 20 graus negativos no verão. Contudo, o continente inóspito atrai o ser humano. O Chile, por exemplo, cria aldeias inteiras no continente, desde o jardim de infância. Na estação russa de Bellinsghauzen, na igreja da Santíssima Trindade, em 2007, realizou-se pela primeira vez uma cerimônia de casamento de um jovem casal.
Embora haja pessoas naturais da região, a maior parte dos habitantes da Antártida é formada por cientistas das estações polares. Na base russa, sete deles são russos, sendo cinco pesquisadores permanentes e dois temporários. São dois navios de pesquisa atuando, o Akademik Fedorov e o Akademik Karpinskii. Logo irá juntar-se a eles o navio Akademik Treshnikov. É importante que os especialistas russos realizem um monitoramento regular da Antártida, pois o sexto continente desempenha um importante papel no sistema climático da Terra.
Segundo o Vice-Diretor do Instituto de Pesquisas do Ártico e da Antártida, Alexander Danilov, os riscos de aquecimento global estão relacionados com a ameaça que a Antártida representa para a Terra, pois o derretimento das geleiras do continente está ligado ao aumento do nível do mar. Isso ameaça os chamados países baixos, como a Holanda, os países da Europa Ocidental, além da Rússia.
No âmbito dos atuais programas na Antártida, os especialistas russos realizam exercícios de perfuração de poços profundos na região do lago subglacial Vostok. No inicio de fevereiro de 2012, os cientistas russos entraram pela primeira vez nas águas do lago Vostok, que era coberto por uma densa camada de gelo de quase 4 quilômetros de diâmetro há milhões de anos. A existência desses lagos foi identificada por cientistas russos ainda na década de 1960.
A perfuração da camada de gelo do lago Vostok foi uma conquista de maior importância mundial, semelhante a pousar em Marte, dizem os especialistas. As pesquisas na região abrem oportunidades sem precedentes na busca de formas de vida em planetas cobertos de gelo e permite entender como era o clima da Terra nos últimos 420 mil anos.
O Diretor do Instituto de Geografia da Academia de Ciência da Rússia, Vladimir Kotliakov, afirma que existem quatro ciclos climáticos, e nós vivemos no período interglacial ou pós-glacial. Diz ele que “apesar das possíveis interferências antropogênicas na atmosfera, a temperatura da Terra está um grau e meio mais baixa do que a era interglacial anterior, a qual nós analisamos através do núcleo do gelo dos poços. Dito isso, é importante ressaltar que os gases de efeito estufa são duas vezes mais intensos hoje do que naquela época.”.
Vladimir Kotliakov diz ainda que essa perspectiva dá esperança à humanidade. Especialmente quando ocorre um perigoso aquecimento no Oceano Glacial Ártico, é possível constatar que tais processos não ocorrem na Antártida. Lá, a quantidade de gelo não só não diminui como também cresce. É como se o pólo sul compensasse o norte, mantendo um equilíbrio natural, afirma o cientista.
Fonte: Diario da Russia