Populares no Facebook têm cérebro diferente, aponta pesquisa
Pesquisa de universidade britânica aponta que usuários com mais amigos apresenta regiões do cérebro ligadas à sociabilização mais densas
A relação entre o uso das redes sociais e o funcionamento do cérebro tem despertado cada vez mais a atenção dos neurocientistas
Quem tem um número grande de amigos no Facebook apresenta regiões do cérebro ligadas à sociabilização mais densas, com maior massa cinzenta, em comparação aos menos populares na rede social. A descoberta, publicada por pesquisadores ingleses no periódico científico Proceedings of the Royal Society B, no final do ano passado, foi discutida semana passada por brasileiros que também estudam o assunto no 8º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções.
A relação entre o uso das redes sociais e o funcionamento do cérebro tem despertado cada vez mais a atenção dos neurocientistas brasileiros, segundo o neurologista André Palmini, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com pós-doutorado em neurologia pela Katholieke Universiteit Leuven, na Bélgica.
Ele é um dos debatedores do simpósio Plasticidade cerebral na era do Facebook. As redes sociais se transformaram em uma atividade humana que reúne muita gente e os estudos estão, cada vez mais, mostrando a que esse uso predispõe. Naturalmente, isso tem um impacto no cérebro humano, diz.
Palmini lembra que o País ainda não dispõe de estudos de imagem cerebral ligados às redes sociais - daí a necessidade de buscar referências nas pesquisas internacionais. O psiquiatra Sérgio Baldassin, professor da Faculdade de Medicina do ABC, concorda: para eles, os instrumentos atualmente disponíveis no Brasil ainda são muito limitados para interpretar exames de imagem cerebral de maneira plena.
O desafio para os pesquisadores, diz Palmini, é descobrir se é o fato de ter muitos amigos no Facebook que leva o cérebro a adquirir novas características ou se as pessoas que já têm aquelas regiões cerebrais mais desenvolvidas é que tendem a manter mais contatos na rede.
Fonte: Revista Exame