Brasil abriga 330 espécies invasoras que causam doenças, diz IBGE
A ação do homem sobre o meio ambiente altera habitats de muitos
animais. O resultado é que esses bichos têm que se deslocar em busca de
sobrevivência, ou mesmo são levado à força para outras regiões,
desencadeando uma rede de desequilíbrio ecológico. Ao entrar em um
ambiente diferente, esses animais são classificados como espécies
invasoras. O país tem catalogadas 330 delas, segundo o documento
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável 2012 (IDS), divulgado nesta
segunda-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
É o caso do sagui-estrela, originário da região Nordeste, que foi
levado como animal de estimação para matas do centro-sul do país,
competindo com outras espécies de micos locais. Em caso semelhante se
encaixa o tucunaré, peixe da Amazônia que foi levado para outros rios do
país, onde se tornou invasor e predador de espécies aquáticas locais.
Sagui-estrela
"Em um país de dimensões continentais, com grande diversidade de
biomas, esse resultado alerta para a necessidade de barreiras de
controle internas, e não apenas externas, à movimentação de espécies que
possam invadir e ocupar novas áreas", aponta a pesquisa do IBGE.
Mas boa parte também é composta de animais ou plantas que foram
trazidas de outros locais do mundo. Um caso clássico é o mosquito Aedes
Aegypt, o transmissor do vírus da dengue, que veio da África.
"Eles chegam, competem e podem contribuir para a extinção de
espécies locais", afirma José Guilherme Cardoso Mendes, da coordenação
de Recursos Naturais e Estudos Ambientais do IBGE.
Muitas delas vêm em cascos de navios, como os caramujos africanos,
causadores de doenças que se proliferam em muitas regiões do país, como
na Baixada Fluminense. Existe também a mão invertida, quando espécies
nativas do Brasil criam desequilíbrios no exterior. Um caso clássico é o
aguapé, planta aquática que transformou-se em praga ao ser introduzida
na África e na América do Norte.
Aguapé
Segundo o IBGE, 25 das espécies invasoras identificadas são
causadoras de doenças ou alergias; 36 ocasionaram perda de produtividade
econômica em determinado ambiente; mudanças de fisionomia de um
ambiente decorreram da presença e ação de 26 espécies; e 45 se tornaram
predadores de espécies nativas. O instituto lembra que uma espécie pode
ser causadora de mais de mais de um dano. Entre as espécies invasoras
identificadas, há 180 animais e 146 vegetais.
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco
principal na discussão entre representantes governamentais sobre os
documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A
partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a
sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o
qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo
dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários
líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano
Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro
britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma
agenda fortalecida após o encontro.
Fonte: Terra