A ciência acaba de destruir mais um mito:
os dinossauros, vulgarmente chamados de répteis de sangue frio, afinal tinham
'sangue quente', como o nosso -- ou seja, eram capazes de regular a sua
temperatura corporal. A dúvida, com mais de 40 anos, foi esta semana esclarecida
num estudo publicado na revista "Nature".
A possibilidade de estes animais pré-históricos partilharem com os mamíferos
(e outras espécies) um sistema sanguíneo cuja temperatura se mantém constante
era já pensada por muitos paleontólogos, pois de outra forma seria difícil
perceber de que forma estes animais poderiam atingir tamanhos gigantescos.
Mas a ideia de que os dinossauros tinham 'sangue frio' -- animais cujo
metabolismo não tem capacidade para manter a temperatura interna constante --
tem perdurado há mais de quatro décadas. Esta teoria que tem origem no fato de os
primeiros fósseis de 'dinos' terem sido identificados como répteis (que têm
'sangue frio').
Com o passar dos anos, o fato de estes animais terem a estrutura dos ossos
semelhante à dos lagartos tornou-se o maior argumento para a teoria
tradicional. Ao desenvolverem-se, os ossos ficam marcados por influências
ambientais, como alterações de temperatura, num processo semelhante ao dos
'anéis' no interior da madeira das árvores. Estas marcas são visíveis nos ossos
de animais de 'sangue frio', mas pensava-se que não existiam nos outros.
Até agora. Um estudo de investigadores do Instituto Catalão de Paleontologia
descobriu que os ossos dos mamíferos também ficam marcados pelas diferenças de
temperaturas. Para o fazer, compararam os ossos de mais de uma centena de
ruminantes atuais -- antílopes, cervos, vacas e bizontes -- de 36 regiões do
globo, desde o Ártico até à África do Sul.
As tais linhas ósseas apareceram em todas as amostras, o que demonstra que
também os mamíferos ficam com marcas nos ossos quando sujeitos a variações de
temperatura.