Einstein tinha razão sobre teoria da relatividade, admitem cientistas
Uma equipe de cientistas que anunciou no ano passado que os neutrinos eram
mais rápido do que a luz, admitiu nesta sexta-feira que Einstein tinha razão e
que sua teoria da relatividade também se aplica a estas partículas subatômicas
elementares.
Os pesquisadores, que trabalham no CERN (Centro Europeu de Pesquisas
Nucleares) de Genebra, causaram comoção na comunidade científica ao publicar, em
setembro de 2011, o resultado da experiência Opera (Oscillation Project with
Emulsion t-Racking Apparatus).
Nela, se revelava uma velocidade dos neutrinos superior à da luz, considerada
o "limite intransponível" na teoria da relatividade geral de Albert Einstein, de
1905.
Grande parte da física moderna é baseada na teoria de Einstein, que se baseia
em que nada pode superar a velocidade dos feixes luminosos.
Os especialistas anunciaram, então, ter detectado neutrinos que percorreram
os 730 km que separam as instalações do CERN, em Genebra, do laboratório
subterrâneo de Gran Sasso (Itália), 6 km/seg mais rápido do que a luz e chegaram
60 nanossegundos antes dela.
Mas na sexta-feira, durante uma conferência internacional sobre física dos
neutrinos e astrofísica, organizada em Kyoto, antiga capital imperial japonesa,
a equipe do Opera admitiu que os resultados estavam equivocados.
"Os primeiros dados, medidos até 2011, com o feixe de neutrinos entre o CERN
e Gran Sasso, foram revistos levando em conta os efeitos dos instrumentos
testados", explicou a equipe.
Procedeu-se a "novas medições" que estabeleceram que há "uma velocidade de
neutrinos coerente com relação à velocidade da luz".
Em fevereiro passado, alguns físicos que tinham estudado o experimento Opera
aventaram a hipótese de que seus resultados estivessem equivocados devido a uma
má conexão entre um GPS e um computador que era usado para a medição.
Na ocasião, o CERN emitiu um comunicado, dando a entender que os neutrinos
não superaram a velocidade da luz (300.000 km/seg). "Começamos a presumir que os
resultados da Opera se deviam a um erro de medição", avaliou o diretor de
pesquisas do Centro Europeu, Sergio Bertolucci.
As verificações efetuadas pela equipe da Opera confirmaram este defeito na
conexão, que reduzia o tempo do percurso dos neutrinos em 74 nanossegundos com
relação à realidade.
Além disso, o relógio de alta precisão usado por Opera também estava
sutilmente desajustado e acrescentou 15 nanossegundos ao tempo de trajeto,
explicaram os membros da Opera em Kyoto.
Uma vez corrigidos estes dois erros, os neutrinos medidos entre o CERN e Gran
Sasso exibiam efetivamente uma velocidade "coerente" com a teoria de
Einstein.
Em março, o físico italiano coordenador da experiência Opera, Antonio
Ereditato, se demitiu. O jornal italiano Corriere della Sera, em seu site na
internet, o apelidou de "físico do fracasso".
Fonte: Veja