Nanoarte retrata objetos do tamanho de milionésimos de milímetro
Em tamanho real, esses objetos não poderiam ser vistos nem com um microscópio
Embora
apareça apenas em 25º em um ranking global de produção em
nanotecnologia divulgado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento
Industrial, o Brasil já faz bonito no lado artístico: somos presença
constante em mostras internacionais. Este ano, por exemplo, as duas
imagens desta página participaram na Nanoart Israel, uma das principais
da área. A do alto, Espirais, é uma forma nanométrica de hematita (óxido
de ferro), usada para gerar energia em células fotovoltaicas. A imagem
abaixo, Bolas de Tênis, é óxido de prata, material bactericida já usado
em componentes de bebedouros e de secadores de cabelo.
OBRA EM PROGRESSO
MARGARIDA, Daniela Caceta
Desde
o tempo das cavernas, a tecnologia ajuda a transformar e até a inventar
as maneiras de o homem se expressar. A nanoarte, que já tem até um
circuito regular de exposições, é um dos exemplos mais modernos desse
fenômeno. Imagens como a desta página dependem de ciência de ponta para
serem criadas e, é claro, vistas. Todas elas foram feitas no Projeto
Nanoarte, parceria da Unesp e da UFSCar. Em suas horas vagas, químicos,
físicos, engenheiros e técnicos em microscopia dão uma de artistas. Esta
foto é de um nanocristal de óxido de zinco. Ele é testado para detectar
umidade e como bactericida. Às vezes, preferem colori-lo como uma flor.
Ciência ou arte? Ambos.
COLORIDO ARTIFICIALMENTE
GOMA DE MASCAR, Ricardo Tranquili
As
imagens da nanoarte são de materiais inorgânicos produzidos com
técnicas especiais de síntese química, para as mais variadas aplicações —
a nanotecnologia tem revolucionado áreas tão variadas como a exploração
espacial e a medicina. O zirconato de bário desta página, por exemplo,
tem sido testado para a decomposição de água para geração de energia.
Depois de fabricados, esses produtos são analisados em microscópios
eletrônicos de alta resolução — equipamentos que custam US$ 5 a 6
milhões. Apesar de caros, eles só produzem imagens em preto e branco.
Toda nanoarte é colorida artificialmente. Estes "chicletes", por
exemplo, levaram mais de um dia para ficarem prontos.
RECORTA E COLA
MAÇÃ DO AMOR, Rorivaldo Camargo
Com
o composto sintetizado, os cientistas usam as amostras para testes e
analisam sua estrutura em microscópio. O zoom de milhares de vezes
revela as mais variadas formas. A turma do laboratório vê o resultado e
começa a brincadeira de identificar figuras nas nuvens. De uma mesma
foto, eles recortam trechos familiares ou especialmente atraentes —
muitas vezes um pequeno detalhe de uma foto maior —, pintam e colocam na
moldura. Assim, um mesmo material pode render mais de um trabalho. Do
óxido de índio e titânio, testado como semicondutor em chips da
indústria eletrônica, a equipe do Projeto Nanoarte fez as obras Maçã do
Amor (acima) e Pólen (abaixo).
PÓLEN, Rorivaldo Camargo
PARA COLECIONADORES
ESPIRAIS, Rorivaldo Camargo
BOLA DE TÊNIS, Ricardo Tranquilin
OBRA EM PROGRESSO
EM CONSTRUÇÃO, Ricardo Tranquilin
A
produção nanotecnológica é liderada por Alemanha, EUA, França,
Inglaterra e Japão. Estima-se que as descobertas desse ramo da ciência
injetem cerca de US$ 1 trilhão na economia mundial até 2015. De olho
nessa bolada, vários países criaram programas nacionais de
nanotecnologia — incluindo o Brasil. Em fevereiro, o Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou a criação do Sistema Nacional de
Laboratórios em Nanociências e Nanotecnologias, para aumentar a
interação entre pesquisadores da área. No mundo inteiro, pode-se dizer
que a nanotecnologia está Em Construção — título desta obra feita de
óxido índio, testado na Unesp para acelerar reações químicas e para
chips mais modernos.
Fonte: Revista Galileu