Fóssil de animal de 520 milhões de anos tem cérebro bem preservado
Artrópode fossilizado tem estrutura neural similar a insetos, dizem cientistas.
Estudo publicado na 'Nature' indica que cérebro evoluiu antes do imaginado.
Estudo publicado na 'Nature' indica que cérebro evoluiu antes do imaginado.
Uma pesquisa da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, em conjunto com o Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, analisou o fóssil de um artrópode pré-histórico com estruturas do cérebro bem preservadas. O estudo do fóssil descoberto, segundo os cientistas, indica que cérebros anatomicamente complicados evoluíram antes do que o imaginado na história da vida na Terra.
A pesquisa foi publicada no site da revista "Nature", nesta quarta-feira (10). Encontrado em pedras depositadas na China há cerca de 520 milhões de anos, o fóssil é um dos mais antigos já identificados a ter estruturais neurais, dizem os cientistas. "Nós reconhecemos como sendo um cérebro devido ao seu tamanho e posição, comparáveis ao cérebro de um crustáceo, como um tipo de camarão pequeno", disse o paleontólogo Gregory Edgecombe, do Museu de História Natural de Londres, ao site da "Nature".
Para Edgecombe, existe uma semelhança impressionante na anatomia neurológica do artrópode com os insetos modernos e alguns tipos de crustáceo. Essa semelhança indica que o cérebro do artrópode evoluiu para permitir que ele tivesse uma boa estrutura de visão.
Fóssil de artrópode encontrado por cientistas; detalhe mostra estruturas neurais fossilizadas
A espécie de artrópode encontrada (Fuxianhuia protensa) está extinta há muito tempo, e foi descrita na pesquisa publicada. Os artrópodes são um grande filo de animais que incluem atualmente insetos, aracnídeos e crustáceos.
O fóssil pode ser o "vínculo perdido" que ajudará a entender a história da evolução dos artrópodes e de seus cérebros, dizem os pesquisadores. O cérebro do animal fossilizado é composto de três segmentos, todos unidos na entrada da boca, e há traços de tecidos neurais no lugar onde estariam os olhos.
"Ninguém esperava que um cérebro assim tivesse evoluído tão cedo na história dos animais multicelulares", disse no estudo o neurobiólogo Nicholas Strausfeld, da Universidade do Arizona, um dos co-autores da pesquisa.
Segundo Strausfeld, biólogos e paleontólogos ainda têm muitos pontos a discutir sobre como os artrópodes evoluíram, especialmente sobre como era o ancestral comum que deu origem aos insetos. A descoberta de um cérebro complexo como o do artrópode pré-histórico pode ajudar a esclarecer algumas da hipóteses sobre a evolução destes animais.
Fonte: G1