Astrônomos detectam planeta ‘órfão’ a 100 anos-luz, chamado de CFBDSIR2149-0403
Planeta órfão foi descoberto por duas equipes internacionais de
astrônomos
Astrônomos baseados no Havaí e no Chile descobriram um planeta
"órfão" vagando pelo espaço sem estar ligado à órbita de um astro, a cem
anos-luz de distância da Terra.
Os cientistas dizem que pesquisas recentes têm demonstrado que esse tipo de
planeta pode existir com muito mais frequência no cosmos do que se pensava.
Eles também são conhecidos como planetas "interestelares" ou planetas
"nômades" e têm sido definidos como objetos de massa planetária que foram
expulsos dos seus sistemas ou nunca estiveram gravitacionalmente ligados a
nenhuma estrela.
Embora haja cada vez mais interesse dos astrônomos no assunto, exemplos de
planetas "órfãos" são difíceis de serem encontrados, o que torna a recente
descoberta mais importante.
O planeta, chamado de CFBDSIR2149-0403, é tema de um artigo que deve ser
publicado no periódico científico Astronomia e Astrofísica.
Mas até agora sabe-se muito pouco sobre a intrigante descoberta. Além de
estimar sua distância da Terra, considerada muito pequena, os cientistas
acreditam que o "órfão" seja relativamente "jovem", tendo entre 50 e 120 milhões
de anos.
Estima-se que ele tenha temperatura de 400ºC e massa entre quatro a sete
vezes a de Júpiter.
Intrigantes
Ainda que os astrônomos acreditem que os planetas "órfãos" sejam mais comuns
do que se pensava, as teorias em torno da origem deste tipo de massa planetária
que "vaga" pelo espaço ainda são intrigantes.
Acredita-se que eles possam se formar de duas maneiras: de forma semelhante
aos planetas que estão conectados a astros, surgindo a partir de um disco de
poeira cósmica e restos de massa, mas que, em vez de serem integrados a um
sistema (assim como a Terra é parte do Sistema Solar, gravitando em torno do
Sol), são expulsos da órbita de uma estrela.
A segunda explicação aponta que eles podem se formar como se fossem um astro,
mas nunca chegam a atingir a massa total de um astro normal.
De qualquer forma, eles acabam livres da atração gravitacional a uma estrela,
vagando livremente pelo cosmos, o que torna sua identificação muito difícil.
Grupo
Uma equipe internacional organizou uma verdadeira "caçada" por esse tipo de
planeta usando o Telescópio Canadá-França no Havaí e o Very Large Telescope
(VLT), ou Telescópio Muito Grande, em tradução livre, localizado no Chile.
Encontraram apenas este exemplar.
"Esse objeto foi descoberto durante uma varredura que cobriu uma área
equivalente a mil vezes uma lua cheia", disse Etienne Artigau, da Universidade
de Montreal.
"Nós observamos centenas de milhões de estrelas e planetas, mas só
conseguimos encontrar um planeta 'órfão' em nossa vizinhança", acrescenta.
Mas algo que pode ser crucial é o fato de que o CFBDSIR2149-0403 parece estar
se movendo ao lado de um grupo de objetos celestiais itinerantes muito
semelhantes a ele, já classificado pelos cientistas como "Grupo itinerante AB
Doradus".
São cerca de 30 estrelas basicamente da mesma composição que podem ter se
formado na mesma época.
Este dado pode ajudar a esclarecer mais detalhes, mas a origem do
CFBDSIR2149-0403 continua intrigando as duas equipes: ele teria se formado a
partir do que seria uma estrela ou foi um planeta expulso de casa?
Philippe Delorme, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble, na
França, diz que caso a segunda teoria seja verídica, isso implicaria na
existência de muitos outros planetas semelhantes ao recém-descoberto.
"Se este pequeno objeto é um planeta que foi expulso de seu sistema nativo,
ele sugere a ideia surpreendente de mundos órfãos, vagando pela imensidão do
espaço".
Em maio de 2011, em descoberta publicada na revista Nature, outro
grupo de astrônomos encontrou dez planetas de característica semelhante, que não
se conectavam a nenhum sistema solar, o que fez o grupo também acreditar que
pode se tratar de um fenômeno relativamente comum.
Fonte: BBC Brasil