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Cientistas sequenciam genoma do pato para tentar vencer gripe aviária

Animal é hospedeiro dos vírus influenza H5N1 e H7N9, que atinge a China.
Equipe internacional analisou genes de pata e estudou 2 aves infectadas.
Fêmea de pato-real é cercada por machos na França, em 2008 (Foto: Yann Crochet/BSIP/Arquivo AFP)
Fêmea de pato-real (plumagem diferente) é cercada por machos na França (Foto: Yann Crochet/BSIP/AFP)
Um consórcio internacional de cientistas sequenciou o genoma do pato-real (Anas platyrhynchos), o principal hospedeiro natural do vírus influenza A, que causa uma nova epidemia de gripe aviária na China desde fevereiro. Os resultados, publicados na revista "Nature Genetics" de domingo (9), podem ajudar a combater o vírus H7N9, responsável pela morte de 36 pessoas e por uma perda de quase R$ 14 bilhões à economia chinesa.
Segundo os autores – de instituições da China, Coreia do Sul, Canadá, EUA e vários países da Europa –, a descoberta contribui para desvendar o processo de interação entre o vírus da gripe e seu hospedeiro.
Os pesquisadores, liderados por Ning Li, da Universidade Agrícola da China, em Pequim, sequenciaram o conjunto de genes de uma pata de dez semanas de idade e estudaram dois animais infectados. Essas aves muitas vezes têm a doença, mas não manifestam nenhum sintoma. Além disso, funcionam como "reservatório" de outros tipos de gripe aviária, como o H5N1.
Ao comparar a expressão gênica (processo pelo qual uma informação hereditária é processada) nos pulmões dos patos contaminados por um vírus H5N1 mais forte ou mais fraco, a equipe identificou genes cujos padrões de expressão foram alterados em resposta à gripe aviária. Foram identificados, ainda, fatores que podem estar envolvidos na resposta imune do pato à doença.
Os dados obtidos indicam que o pato, assim como a galinha e um pássaro chamado mandarim (Taeniopygia guttata), tem um repertório menor de genes de imunidade em relação aos mamíferos. Outro ponto observado é que os patos também apresentam genes que não estão presentes em aves como galinhas, mandarins e perus.
Daqui para frente, "os cientistas serão capazes de explorar mais profundamente os mecanismos de disseminação e infecção da gripe aviária", destacou o gerente do Instituto de Genômica de Pequim (BGI), Jianwen Li, um dos autores do trabalho.
Fonte: G1