Marte pode ter abrigado vulcões gigantes no passado, sugere estudo
Imagem mostra candidato a supervulcão em Marte, chamado Oxus Patera. Montanhas dentro de uma cratera de 30 km de diâmetro no planeta vermelho são compostas de materiais com grãos finos que podem representar depósitos de cinzas vulcânicas
Crateras irregulares na região Arabia Terra indicam província vulcânica.
Supervulcões teriam se formado no 1° bilhão de anos do planeta vermelho.
Novas evidências sugerem que Marte pode ter abrigado vulcões gigantes no passado, aponta um estudo feito pelo Instituto de Ciência Planetária de Tucson, nos EUA. A descoberta aparece na revista "Nature" desta quarta-feira (2) e, segundo os cientistas, pode mudar o atual panorama sobre a atividade vulcânica e a evolução climática no planeta vermelho.
Crateras irregulares encontradas na região Arabia Terra, no planalto norte marciano, formam uma província vulcânica até então desconhecida, destacaram os autores Joseph Michalski e Jacob Bleacher.
Segundo Michalski em entrevista à agência Efe, esses vulcões gigantes "provavelmente se formaram no primeiro bilhão de anos da história de Marte, que tem 4,5 bilhões de anos, como a Terra".
Michalski explicou que os cientistas já sabiam da formação de vulcões no planeta vermelho, mas o novo estudo se refere a outro tipo de atividade vulcânica. "São vulcões muito explosivos, que estão entre os mais antigos de Marte", indicou.
Semelhantes a Yellowstone
Para os cientistas, essas estruturas são semelhantes aos supervulcões da Terra, como o do Parque Nacional de Yellowstone, uma área de quase 9 mil km² entre os estados de Wyoming, Montana e Idaho, no oeste americano. As características das crateras em Marte indicam que elas se formaram por enormes erupções que depois entraram em colapso.
Essas explosões podem ter sido a fonte de materiais vulcânicos encontrados ao redor de Arabia Terra, de acordo com os pesquisadores. Além disso, compostos voláteis liberados pelos supervulcões teriam alterado o clima em Marte.
Michalski e seus colegas estudaram a topografia do planeta a partir de dados obtidos pela ferramenta a laser Mars Orbiter Laser Altimeter (Mola), colocada em órbita a bordo da sonda americana Mars Global Surveyer, além de informações coletadas pela nave espacial europeia Mars Express, que estuda o planeta desde 2003.
Anteriormente, já havia sido levantada a hipótese de atividade vulcânica na região equatorial de Marte, mas os cientistas não haviam detectado fontes suficientes de depósitos. As novas evidências, porém, poderiam explicar a existência desses materiais e facilitar a compreensão do vulcanismo no planeta vermelho, disseram os autores.
Imagem em infravermelho mostra o supervulcão Eden Patera, um exemplo típico do que pode ter sido o passado de Marte. Cratera tem cerca de 70 km de largura em sua maior dimensão e 1,8 km de profundidade
Imagem em 3D revela Eden Patera na direção ao leste.
Visão em alta resolução de depósitos de materiais em camadas e colapso da região de Eden Patera. As camadas representam áreas de um antigo lago de lava onde essa lava se juntou a montes e sulcos no chão da cratera, depois congelou contra essa base e então se desgrudou à medida que o lago foi drenado
Fonte: G1