Aplicativo brasileiro vai monitorar o desaparecimento das abelhas
O Bee Alert pode servir como base para futuras pesquisas sobre o sumiço das polinizadoras, problema que se alastra em todo o mundo.
Algumas regiões da Europa registraram o desaparecimento de 53% das abelhas - que são importantes para a agricultura.
Um pesquisador da USP de Ribeirão Preto e seu filho, um publicitário, criaram um aplicativo de computador, smartphone e tablet para monitorar o desaparecimento de colônias de abelhas. O Bee Alert, como foi batizado o aplicativo, é gratuito e está disponível online.
As abelhas são uma peça-chave para a agricultura e, assim, para a comida que está no nosso prato. Esses insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Nos últimos oito anos, apicultores ao redor do mundo têm percebido que suas colônias estão diminuindo. Entre os motivos que já foram apontados para explicar o declínio das populações estão a ação de vírus, fungos, bactérias e o uso de pesticidas. Segundo dados do Coloss, grupo de cientistas de diversos países que estuda o sumiço das abelhas, algumas regiões da Europa perderam até 53% de suas colônias.
Embora o fenômeno tenha sido detectado no Brasil, não se sabe qual é a sua dimensão — resposta que os criadores do aplicativo querem ajudar a encontrar. "A plataforma é uma ferramenta online para que apicultores, meliponicultores e a comunidade científica possam fazer registros de desaparecimento ou de perdas significativas de abelhas em seus apiários", diz o publicitário Daniel Malusá Gonçalves, que desenvolveu o aplicativo com seu pai, o biólogo Lionel Segui Gonçalves, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e presidente do Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (Cetapis). O Bee Alert faz parte da campanha Bee or not to Be?, criada por Lionel para proteger as abelhas.
O aplicativo vai funcionar de uma maneira simples: o produtor ou o pesquisador registrará o local do seu apiário e, na ocorrência de sumiço das abelhas, informará a intensidade do desaparecimento (quantas colmeias foram prejudicas e qual a porcentagem da perda), as possíveis causas (doenças, pragas e clima, por exemplo) e os prejuízos. Além disso, o produtor ou o pesquisador deve declarar se os insetos sumiram ou migraram para áreas próximas. "Estamos numa etapa inicial e sabemos que vamos lidar com dificuldades, como o baixo acesso à tecnologia pelo apicultor e seu receio de expor o problema", diz Daniel.
A ferramenta está disponível em português, mas a promessa é que ela seja oferecida em espanhol e inglês no próximo mês. "Acreditamos que o aplicativo poderá ser usado em outros países, pois enfrentamos problemas e desafios similares quando o assunto é a proteção das abelhas", afirma Daniel.
Fonte: Veja