Especialistas decifram hieróglifos Maias na Guatemala
Cidade da Guatemala (AE) - Autoridades guatemaltecas finalmente descobriram o significado de vários hieróglifos maias inscritos em totens descobertos há muitos anos, mas que ainda não tinham sido decifrados. De acordo com transcrições, eles mostram uma das primeiras batalhas entre as culturas milenares Maia e Teotihuacán. Os totens foram localizados no sítio arqueológico Naachtún, descoberto em 1922, também conhecido como “El reino Murciélago Suutz, El reino perdido” (O reino do morcego Suutz, o reino perdido), localizado nas chamadas planícies centrais, no município de Flores, do Departamento de Petén, ao norte da Cidade da Guatemala.
De acordo com Philippe Nondedeo, da Universidade Paris e diretor do projeto, Naachtún havia sido reconhecida como uma cidade pequena, mas com as transcrições dos hieróglifos foi possível determinar que esta era a capital do Reino Murciélago, um importante reino do período maia clássico. Nondedeo explicou que Naachtún teve um desempenho muito importante na época.
Os textos hieróglifos mostram que o reino foi aliado do povo Teotihuacán quando ele enfrentou sua batalha em Tikal, de acordo com as escrituras encontradas.
Era 16 de janeiro de 378 d.C quando contingentes de Teotihuacán, habitantes do centro do México, ingressaram em Tikal, dirigidos por Siyaj K’ahk’. De acordo com o jornal guatemalteco El Periódico, o totem 24 de Naachtún revela que o governante do reino se denominou como capitão de guerra de Siyaj K’ahk’, sugerindo uma participação do reinado na queda da dinastia em Tikal. Isso significa que, tempos antes da conquista, já poderia haver uma aliança entre os guerreiros teotihuacanos e os reis de Naachtún.
Após essa invasão, Naachtún e Tikal tornaram-se aliados estratégicos e absorveram as influências dos conquistadores.
“Este evento deu início a um período próspero em Naachtún, caracterizado por relações estreitas com Tikal e outros locais submetidos ao seu domínio, em particular Uaxactún e Ríos Azul, cuja influência é perceptível na arqueologia de obsidiana (vidro vulcânico), cerâmica, iconografia”, disse o governo da Guatemala em comunicado.
Mélanie Forné, diretora do Centro de Estudos Mexicanos e Centro-americanos (Cemca), salientou que “essa entrada de Tikal foi possível graças à contribuição do governante de Naachtún como capitão da guerra”, de acordo com o El Periódico. “Isso permite que, após a cultura Teotihuacán e todos os seus traços floresçam na área Maia e na Guatemala”, afirmou Melanie, segundo o El Periódico.
O diretor técnico do Instituto de Antropologia e História da Guatemala, Daniel Aquino, disse que a descoberta também significa conhecer como mudou política, comercial e socialmente a cultura maia ao se mesclar com outras civilizações como a de Teotihuacán.
O sítio tem pelo menos 200 hectares, dos quais acredita-se que 50 eram grandes edifícios, templos, palácios com monumentos e altares, sinais de quão próspera era a cidade em questão.Nondedeo afirmou ainda que as transcrições foram realizadas por dois especialistas espanhóis. A equipe de pesquisa trabalha agora para que daqui a mais seis meses seja possível divulgar mais detalhes sobre os novos descobrimentos.
Fonte: Tribuna do Norte