Fósseis marinhos de até cinco metros de comprimento são descobertos no Chile
Os esqueletos quase completos dos animais pré-históricos foram descobertos no sul do Chile, perto de um glaciar que está derretendo.
Cientistas encontraram os restos de 46 exemplares de quatro espécies diferentes dos extintos ictiossauros. Essas criaturas, cujo nome em grego significa “peixes-lagartos”, eram exímios e velozes nadadores que viveram durante a Era Mesozoica, há cerca de 245 milhões a 90 milhões de anos.
Os esqueletos recém-descobertos incluem embriões e animais adultos. As criaturas, provavelmente mortas durante uma série de catastróficos deslizamentos de terra, foram preservadas em sedimentos marinhos profundos que mais tarde foram expostos pela retração da geleira, sugeriram os pesquisadores no estudo divulgado em 22 de maio na publicação científica Geological Society of America Bulletin.
Os ictiossauros tinham corpos em forma de torpedo com barbatanas verticais e longos focinhos cheios de dentes.
“Eles se parecem muito com os atuais golfinhos”, observou Wolfgang Stinnesbeck, um paleontólogo da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, e líder do estudo.
Stinnesbeck e sua equipe descobriram os espécimes do Cretáceo Inferior (de 150 milhões a 100 milhões de anos) perto do Glaciar Tyndall, no Parque Nacional Torres del Paine, no Chile. À medida que a geleira derreteu, as rochas contendo os fósseis foram expostas, Stinnesbeck declarou no site da Live Science.
Pouquíssimos desses répteis pré-históricos haviam sido encontrados até agora na América do Sul; somente alguns restos de caixas torácicas e vértebras.
O maior ictiossauro desenterrado no Chile mede mais de 5 metros de comprimento. Os esqueletos estavam extremamente bem preservados e alguns deles até ainda tinham tecidos moles. Os pesquisadores também encontraram embriões fossilizados dentro de uma fêmea. Eles atribuíram os espécimes à família dos Ophthalmosauridae.
De acordo com os pesquisadores, esses “peixes-lagartos” provavelmente caçavam em um desfiladeiro submarino perto da linha costeira, alimentando-se de uma dieta de peixes e criaturas parecidas com lulas. É possível que ocasionalmente ocorressem deslizamentos de terra e lama que se precipitavam na água em cascata, como uma avalanche. Os pesquisadores acreditam que os ictiossauros foram mortos por um deslizamento desses. Os animais provavelmente ficaram desorientados e se afogaram, sendo sugados para o mar profundo, onde seus corpos foram enterrados nos sedimentos, comentaram os pesquisadores.
Os ictiossauros nadavam pelos mares na mesma época em que dinossauros perambulavam na Terra e pterossauros reinavam nos céus, mas eles podem ter sido extintos antes de seus irmãos terrestres e aéreos, sugeriu Stinnesbeck. Uma depauperação global de oxigênio nos oceanos, possivelmente devido a um intenso vulcanismo, pode ter causado a extinção desses répteis marinhos, avalia ele.
A descoberta das criaturas faz da geleira chilena um dos sítios mais importantes de fósseis de répteis marinhos do Cretáceo Inferior em todo o mundo, salientaram os pesquisadores. Chegar ao local dos fósseis, no entanto, só foi metade do desafio. Para alcançá-lo, a equipe teve que dirigir por cinco horas, caminhar outras10 a12 horas para acampar e depois andar mais duas horas, às vezes sob forte chuva, granizo ou neve.
“Esse foi um dos trabalhos em campo mais difíceis que já tive”, admitiu Stinnesbeck.
Fonte: Sciam