Astrônomos amadores brasileiros descobrem sete asteroides
Um grupo de astrônomos amadores brasileiros descobriu nos últimos dois meses nada menos que seis asteroides cujas órbitas os trazem perigosamente perto da Terra. Nenhum deles corre risco de colisão conosco, mas trata-se de um lembrete sinistro de que há muitos pedregulhos perigosos ainda não catalogados lá fora.
Astrofotógrafo amador Michael Jäger registra o cometa Jacques, objeto descoberto pelo SONEAR, com nebulosas ao fundo.
Os achados foram feitos em rápida sucessão no Observatório SONEAR, localizado em Oliveira (MG). O primeiro foi localizado em 15 de julho, o segundo, em 23 de julho, o terceiro no dia 4 de agosto, mais um no dia 13, outro no dia 14 e o derradeiro no dia 19. Incluindo a primeira descoberta desse tipo feita pelo grupo, em 20 de maio, são sete no total.
“O pessoal tem brincado que eles estão parecendo uma certa seleção da Europa, fazendo um gol atrás do outro”, comenta Paulo Holvorcem, um veterano brasileiro da caça a asteroides. A que se deve esse sucesso inesperado? Sorte?
“Sinal de muito trabalho”, destaca Cristóvão Jacques, líder da equipe do SONEAR, explicando que o grupo está se esforçando por observar não só em regiões do céu exclusivas do hemisfério Sul, onde há pouca concorrência com outras equipes, mas também em áreas mais “disputadas”, onde atuam projetos consolidados e profissionais de busca de asteroides, como o Pan-Starrs, baseado no Havaí.
Após oito meses de observação, os resultados do SONEAR têm sido extraordinários. Além dos novos sete asteroides próximos à Terra, os astrônomos de Minas também descobriram outros dez asteroides pertencentes ao cinturão existente entre as órbitas de Marte e de Júpiter. E de lá veio a descoberta dos dois primeiros cometas 100% nacionais, ou seja, aqueles descobertos em solo brasileiro, por brasileiros, com equipamento brasileiro.
Um deles, inclusive, chegou a dar espetáculo recentemente para quem tem um bom telescópio (veja foto acima). É o cometa Jacques, que no momento está inobservável no hemisfério Sul, mas bastante visível para nossos vizinhos no Norte. Ele atingirá sua máxima aproximação da Terra (84,4 milhões de km) amanhã e deverá voltar a ser visto no hemisfério Sul a partir da segunda semana de setembro.
TIRO AO ALVO
Dos sete NEOs (Objetos Próximos à Terra, na sigla inglesa) descobertos pelos mineiros, o que pode passar mais perto do nosso planeta é justamente o primeiro que eles acharam, designado 2014 KP4. Sua aproximação máxima deve ser de 7,1 milhões de km (cerca de 20 vezes a distância Terra-Lua). Já o segundo mais perigoso foi o último a ser descoberto, designado 2014 QA33. Ele passará um pouco mais longe, a 8,2 milhões de km. Sem perigo.
Em compensação, se você fosse venusiano, estaria bem mais preocupado com o 2014 QA33. Sua aproximação máxima estimada do planeta Vênus é de 1,1 milhão de km, ou apenas três vezes a distância Terra-Lua. Não vai bater, mas o recado é claro: ainda tem muito pedregulho por aí que não conhecemos de onde vem e para onde vai. Um deles pode muito bem ter uma etiqueta com o nosso nome.
Por isso a importância do contínuo trabalho do SONEAR, sobretudo no céu do hemisfério Sul, onde não há praticamente mais ninguém olhando. Eles são a nossa polícia espacial, pronta para soar o alarme em caso de um asteroide resolver nos fazer uma visitinha.
Fonte: Mensageiro Sideral