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Cientistas descobrem ‘interruptor’ que atua em envelhecimento celular

Pesquisadores Victoria Lundblad e Timothy Tucey fizeram descobertas sobre como funciona a enzima telomerase (Foto: Cortesia do Salk Institute for Biological Studies)
Pesquisadores Victoria Lundblad e Timothy Tucey fizeram descobertas sobre como funciona a enzima telomerase

À medida que nossas células se dividem – para renovar tecidos da pele, pulmões, fígado e outros órgãos – as extremidades dos cromossomos presentes nas células vão se encurtando cada vez mais. Quando essas extremidades, chamadas telômeros, tornam-se muito curtas, as células perdem a capacidade de se dividir, o que promove a degeneração dos tecidos. Isso é o que geralmente ocorre com o envelhecimento.

Existe, porém, uma enzima chamada telomerase que é capaz de reconstruir os telômeros, prolongando a capacidade das células de se dividir. Uma pesquisa publicada este mês na revista “Genes and Development”, desenvolvida pelo Instituto Salk para Estudos Biológicos, na Califórnia, avançou na compreensão de como funciona essa enzima. O estudo descobriu que existe um tipo de “interruptor”, capaz de “desligar” e “ligar” essa enzima.

Desta forma, em algumas situações, mesmo quando presente na célula, ela pode não impedir seu processo de envelhecimento.
Entender de que forma esse interruptor é ligado e desligado pode ajudar a desenvolver mecanismos para evitar o envelhecimento celular. E também pode trazer informações importantes para pesquisas na área de câncer. Isso porque a presença de grandes quantidades de telomerase está relacionada ao crescimento celular desregulado que caracteriza o câncer.

Levedura de pão

O estudo foi feito em uma levedura unicelular chamada Saccharomyces cerevisiae, usada para fazer vinho e pão. Os cientistas observaram o processo de divisão celular nessa levedura, para desvendar os mecanismos de funcionamento da telomerase.
O que descobriram foi que, enquanto a duplicação do genoma está em curso, a telomerase fica “desmontada” e inativa. Mas, assim que a duplicação termina, a enzima se “monta” de volta, tornando-se ativa e recompondo as extremidades dos cromossomos para garantir a divisão celular completa.

“Estudos anteriores sugeriam que, uma vez presente, a telomerase está disponível sempre que for necessário”, diz a pesquisadora Vicki Lundblad, uma das autoras do estudo. “Ficamos surpresos ao descobrir que, em vez disso, a telomerase tem o que é em essência um botão de ‘desligar’, pelo qual ela se desmonta.”
Caso a ciência aprenda a manipular esse interruptor que liga e desliga a enzima telomerase, pode ser possível tanto desenvolver tratamentos para as doenças do envelhecimento quanto desenvolver mecanismos de combate ao câncer.

Fonte: G1