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Quando o cérebro morre?

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Quatro anos de estudos em 15 hospitais em três países diferentes com mais de dois mil pacientes que tiveram enfarto do miocárdio permitiram pesquisadores da Universidade Estadual de Nova York compilassem o mais completo dossiê sobre o que acontece com a mente no momento da morte e nos minutos seguintes.

Batizado de AWARE, o estudo tem como objetivo detectar quais os limites da consciência e da conexão entre o corpo e a mente. Foram entrevistados e tiveram as experiências analisadas vítimas de ataques cardíacos porque os cientistas acreditam que esse tipo de experiência pode redefinir o significado de morrer, já que se os orgãos da vítima param de funcionar, ela será considerada tecnicamente morta, mas se eles se recuperarem, podem ter uma perspectiva exclusiva sobre a experiência de quase morrer.

A primeira parte do estudo foi publicada em um diário científico recentemente. Nenhum dos pacientes entrevistados mostrou sinais clínicos de consciência enquanto recebiam a massagem cardíaca, mas 39% disse se lembrar de detalhes do momento e os relatos descreveram sensações de medo, violência e um sentimento de perseguição, para a maioria deles. No entanto, também foram relatados sentimentos agradáveis envolvendo família, animais, plantas e uma luz brilhante 22% deles disseram sentir paz ou tranquilidade, pouco mais de 9% sentiu alegria, 7% se sentiu envolvido por uma luz brilhante, 8% disse ter encontrado algum tipo de ser místico e 13% teve sensações de descolamento do corpo.

Um dos pacientes, que relatou ter memórias vívidas do período em que ficou inconsciente, descreveu com precisão a cena do hospital, com máquinas apitndo, médicos, desfibrilador. O estudo calcula que esse paciente ficou cerca de 3 minutos consciente depois que seu coração parou de bater, embora a média seja de 20 a 30 segundos.

A conclusão: os pesquisadores acreditam que precisamos de uma definição menos estática e mais maleável do que é a morte, já que ela pode ser um processo reversível, não um momento específico, como alguns dos casos estudados mostraram. Uma vítima de enfarto recuperada teve um enfarto, mas uma vítima de enfarto não recuperada é considerada morta. Essa intersecção entre os dois tipos de pacientes, cujos corações pararam igualmente de funcionar por algum período de tempo, é exatamente o que poderíamos começar a considerar 'morte'.

O estudo enfrenta ceticismo por parte de outros médicos e cientistas - há, no meio científico, uma corrente que acredita que experiências de consciência nesse momento da quase morte sejam apenas alucinações e não possam ser registradas como lapsos da mente fazendo contato com a realidade, mas simulações do cérebro para que a vítima possa lidar melhor com uma situação de stress.

Fonte: Galileu