Pela primeira vez, robô submarino mapeia gelo da costa antártica
Veículo subaquático autônomo 'SeaBED' movimenta-se sob camada de gelo marinho na costa da Antártica
Pela primeira vez, cientistas conseguiram fazer um mapeamento detalhado do gelo da costa da Antártica. Os dados coletados por um robô-submarino mostraram que a espessura do gelo marinho da região é muito maior do que se estimava anteriormente: em média de 1,4 a 5,5 metros, podendo chegar a 16 metros nos pontos mais espessos.
Até então, só havia estimativas com base em observações a partir de navios e perfurações no gelo. Elas calculavam erroneamente que grande parte da camada de gelo tinha menos de um metro de espessura. Segundo os cientistas, a medição mais precisa pode contribuir para o entendimento da dinâmica das mudanças climáticas na região. Os resultados foram publicados na revista "Nature Geoscience" nesta segunda-feira (24).
O veículo subaquático autônomo utilizado na pesquisa, chamado "SeaBED", conseguiu fazer o mapeamento preciso dos campos de gelo na costa da Antártica por meio de um sonar. Enquanto o veículo se movimentava em uma profundidade de 20 a 30 metros, o sonar, apontado para cima, fazia um mapeamento do mar logo abaixo da camada de gelo marinho. Dessa forma, foi possível obter um mapa detalhado e em três dimensões do lado de baixo do gelo.
"Construir um veículo subaquático autônomo para mapear o lado de baixo do gelo marítimo é desafiador dos pontos de vista de software, navegação e comunicação acústica", diz Hanumant Singh, engenheiro do Instituto Oceanográfico de Woods Hole, nos Estados Unidos, que desenvolveu o equipamento. O SeaBED tem cerca de 2 metros de comprimento e pesa 200 kg.
Os dados foram coletados ao longo de duas expedições feitas nas primaveras de 2010 e 2012. Foram mapeadas três regiões que, juntas, se estendem por 500 mil metros quadrados.
"A topografia completa em 3D do lado de baixo do gelo fornece uma riqueza de novas informações sobre a estrutura do gelo marítimo e os processos que o criaram. Essa é a chave para avançar em nossos modelos, particularmente mostrar as diferenças entre o gelo marítimo do Ártico e da
Antártica", diz o pesquisador Guy Williams, um dos autores do estudo e cientista do Instituto de Ciência Antártica e Marinha, na Austrália.
"Este trabalho é um passo importante na direção de fazer os tipos de medidas de rotina que precisamos para realmente monitorar e entender o que está acontecendo com o gelo e as mudanças em grande escala que estão ocorrendo", diz Ted Maksym, outro autor do estudo ligado ao Instituto Oceanográfico de Woods Hole.
Fonte: BBC