10 explicações científicas para fenômenos fantasmagóricos
De acordo com uma pesquisa de 2013, feita pelo YouGov a pedido do Huffington Post, 45% dos americanos acreditam em fantasmas. Há quase uma década, o número era semelhante: uma pesquisa de 2005 feita pela CBS News revelou que, para 48% dos americanos, fantasmas são reais – e 22% do total havia encontrado um espírito, ou sentido a presença dele.
São números surpreendentes, mas da próxima que você ouvir um som suspeito, não chame os Caça-Fantasmas – peça um cientista. Por trás de toda sombra, poltergeist ou voz sem corpo, existe uma explicação perfeitamente racional.
10. Estimulação elétrica do cérebro
No mundo inteiro, há pessoas amedrontadas que alegam ter visto “pessoas-sombra”. Esses seres são vistos de relance e, quando encarados, somem. Muitos acreditam serem demônios; outros, corpos astrais; e alguns até acham que são viajantes do tempo – aqui em um segundo, sabe-se lá onde no seguinte. Entretanto, alguns pesquisadores têm uma teoria mais plausível.
Cientistas suíços estimularam eletricamente o cérebro de uma paciente com epilepsia, e ela relatou uma sombra de pessoa sentada atrás dela, copiando cada movimento que ela fazia. Quando a paciente se levantou, a sombra fez o mesmo. Quando se inclinou para frente e tocou os joelhos, ela alcançou seu corpo e a segurou. Os médicos pediram a ela para ler um cartão, mas a sombra tentou tirá-lo de suas mãos.
Por que isso aconteceu? Porque os cientistas estimularam a junção temporoparietal esquerda, a parte do cérebro que define a ideia do ser. Ao interferir com a área que os ajuda a diferenciar entre nós mesmos e os outros, os médicos bagunçaram a capacidade do cérebro de entender seu próprio corpo, levando-o a criar uma cópia da pessoa. Os pesquisadores estão esperançosos de que essa seja a chave para entender por que tanta gente, esquizofrênica ou não, encontra “pessoas-sombra” e outras criaturas do tipo.
9. Efeito ideomotor
O movimento espiritualista estava em seu auge nas décadas de 1840 e 1850. Ele prometia às pessoas se comunicar com seus entes queridos que faleceram. Um dos métodos usados era o tabuleiro de Ouija. Ainda hoje popular, o tabuleiro é coberto por letras, números e palavras simples (como “sim” e “não”). As pessoas, então, colocam as mãos sobre um indicador móvel e fazem perguntas aos espíritos. Um fantasma então responde arrastando o indicador letra por letra, soletrando a resposta.
Outro método esquisito de interagir com espíritos era a mesa basculante. Durante uma sessão, as pessoas rodeavam uma mesa e colocavam as mãos sobre ela. Para a surpresa de todos, a mesa começava a se mover sozinha. Ela podia ficar equilibrada em um pé só, levitar ou ficar andando pela sala.
Charlatões definitivamente estavam envolvidos em alguns desses incidentes, mas tudo isso era fraude? O renomado cientista Michael Faraday resolveu averiguar. Através de experimentos inteligentes, Faraday descobriu que as mesas geralmente se moviam graças ao efeito ideomotor. Isso acontece quando o poder de sugestão faz com que nossos músculos se movam sozinhos.
Um evento similar aconteceu em 1853, quando quatro médicos fizeram uma sessão experimental. Quando eles secretamente disseram a metade dos participantes que a mesa se moveria para a direita e à outra metade, que iria para a esquerda, a mesa ficou parada. Mas quando lhes disseram que a mesa se moveria em apenas uma direção, o efeito ideomotor atacou novamente! O mesmo princípio se aplica ao tabuleiro de Ouija: são nossos músculos que fazem o truque, não os espíritos.
8. Infrassom
Depois de ver um fantasma cinza próximo à sua mesa, o pesquisador Vic Tandy ficou preocupado por achar que seu laboratório pudesse estar assombrado. Mas, no dia seguinte, ele fez uma descoberta curiosa. Enquanto se preparava para a esgrima, Tendy colocou sua espada em um torno de bancada, ferramenta que permite firmar um objeto no lugar. Então ele notou que a espada estava vibrando sozinha. De repente, tudo fez sentido. O que fazia sua espada vibrar era a mesma força que assombrava seu laboratório: Vic Tandy estava lidando com o infrassom.
Os humanos podem ouvir sons de até 20.000 Hz, mas são incapazes de detectar qualquer coisa abaixo de 20 Hz; esses sons do “silêncio” são chamados infrassons. Nós não conseguimos ouvi-los, mas podemos senti-los na forma de vibrações. O Dr. Richard Wiseman diz que podemos sentir essas ondas, especialmente em nossos estômagos, e que isso pode criar tanto uma sensação positiva (como borboletas na barriga) ou negativa (enjoo). Dependendo do local (como uma casa “mal-assombrada”), ela pode gerar uma sensação de pânico.
O infrassom pode ser gerado por tempestades, ventos, padrões climáticos e até eletrodomésticos. Voltando ao caso de Vic Tandy, depois de ver sua espada balançando, ele ficou sabendo que um novo ventilador fora instalado em seu laboratório e, claro, estava emitindo vibrações de cerca de 19 Hz. Como os nossos olhos têm uma frequência ressonante de cerca de 20 Hz, o infrassom estava vibrando os olhos de Tandy e criando imagens que não estavam realmente lá. Quando Tandy desligou o ventilador, surpresa: nada de fantasmas.
Do mesmo modo, o Dr. Wiseman acredita que essas vibrações são responsáveis por atividades paranormais em locais “assombrados”. Por exemplo, ao investigar dois locais subterrâneos, ele descobriu evidências de infrassom vindas do tráfego de cima. Wiseman acha que isso explica as figuras fantasmagóricas e sons de passos nessas áreas.
7. Automatismo
A mediunidade é uma das mais antigas tentativas da humanidade de alcançar o mundo espiritual. A ideia é limpar a própria mente, conectar-se com algum tipo de consciência cósmica e deixar espíritos ancestrais possuírem seu corpo, o que soa bem bizarro. Os xamãs de religiões antigas supostamente canalizavam os mortos; o médium de TV John Edward diz conversar com aqueles que já fizeram a passagem; e a médium J.Z. Knight alega que canaliza um espírito de Atlântida, de 35 mil anos atrás, chamado Ramtha. Obviamente, existem muitos charlatões na mediunidade, mas e aquelas pessoas que sinceramente acreditam no que dizem fazer?
A resposta está no automatismo, um “estado alterado de consciência” onde as pessoas dizem e pensam coisas de que não estão cientes. Quando um médium limpa a própria mente, ele começa a procurar por um guia espiritual amigo. Espera-se que o guia espiritual entre no corpo dele e então ofereça segredos sobre o universo. Quando um médium limpa a própria mente, começam a pipocar ideias e imagens aleatórias na cabeça dele, e ele pressupõe que esses pensamentos estão vindo de outra entidade. Entretanto, essas ideias estão todas na cabeça dele mesmo.
Nossos cérebros são capazes de criar todo tipo de maluquice sem qualquer esforço consciente de nossa parte. Quantas vezes você se sentiu inspirado do nada? Ou quantas foram as vezes em que você teve um pesadelo ou ficou sonhando acordado? Isso não é trabalho de um ser de outro plano: é o seu cérebro fazendo hora extra o tempo todo.
6. Ponto gelado
Você está explorando uma mansão assustadora caindo aos pedaços no meio da madrugada quando, de repente, o ar congela. Porém, se você dá dois passos à esquerda ou direita, a temperatura volta ao normal. Isso é o que os parapsicólogos chamam de ponto gelado. De acordo com caçadores de fantasmas, um ponto gelado é um sinal de atividade paranormal. Quando um fantasma não tem nada melhor para fazer do que aparecer do nada e assustar pessoas, ele precisa de energia. Então o fantasma suga o calor do ambiente (incluindo de pessoas) para se manifestar.
Os cientistas têm uma explicação mais simples (e mais enfadonha). Quando céticos investigam casas “assombradas”, eles geralmente encontram entradas de ar frio vindas de chaminés ou janelas.
Mas mesmo que a sala seja selada, ainda há uma explicação perfeitamente racional. Todo objeto tem sua própria temperatura, e algumas superfícies são mais quentes que as outras. Em uma tentativa de equilibrar a temperatura do cômodo, os objetos perdem calor em um processo chamado convecção. É onde o ar quente sobe e o frio, desce. De modo similar, quando entra ar seco em uma sala úmida, o ar seco desce ao chão e a umidade sobe até o teto. O ar circulando parece frio à pele de uma pessoa, dando a impressão de que se trata de um ponto gelado. Na próxima vez que você sentir uma presença fantasmagórica, ligue o aquecedor.
5. Problemas em câmeras
Caçadores de fantasmas têm uma relação de amor e ódio com orbes. Essas bolas brilhantes de luz são supostamente espíritos de pessoas que morreram, mas ainda não se foram. Invisíveis a olho nu, os orbes só podem ser vistos em fotografias – e é aqui que as coisas complicam. O cético Brian Dunning diz que, quando um pedaço de poeira ou um inseto está muito próximo da câmera, ele aparecerá como um círculo borrado e fora de foco. E graças ao flash da câmera, o orbe aparecerá brilhando, sendo confundido com um fantasma. Um erro perfeitamente razoável, certo?
Mesmo os mais crentes são bem reticentes com orbes em fotografias. Embora a parapsicóloga Pamela Heath ache que alguns sejam verdadeiros, ela aponta diversas outras causas naturais para os orbes, como fios de cabelo, lentes sujas ou molhadas, reflexos ou movimentos durante a exposição. Graças ao entendimento básico de como a fotografia funciona, muitos sites de paranormais pararam de aceitar essas fotos, porque dizem que muitas são falsas.
4. Envenenamento por monóxido de carbono
Em 1921, o oftalmologista William Wilmer publicou um estudo bizarro no American Journal of Ophthalmology. Ele contou a história da família “H” e sua casa mal-assombrada. A casa infernal deles era atormentada por sons de portas batendo, mobília arrastada e passos em salas vazias. Uma das crianças sentiu algo sentando nele, e outra foi atacada por um estranho misterioso. À noite, a dona da casa acordou e viu um homem e uma mulher levantados ao pé da cama, apenas para sumirem instantes depois.
À medida que a assombração continuava, a família ficou cansada e depressiva, e suas plantas começaram a morrer. Foi então que descobriram uma fornalha com defeito. Ela tinha como função expelir a fumaça pela chaminé, mas em vez disso o gás estava sendo distribuído pela casa. Resultado: a família estava sofrendo de envenenamento por monóxido de carbono.
O monóxido de carbono (CO) não tem cheiro, nem cor, o que o torna difícil de detectar. Ele é perigoso porque nossas células sanguíneas absorvem CO mais facilmente que oxigênio. Essa privação de oxigênio leva a sintomas como fraqueza, náuseas, confusão e até à morte. Mas antes de bater as botas, você pode sofrer alucinações, exatamente como a família “H”.
Em 2005, por exemplo, uma mulher chamou a polícia depois de ver um espírito em seu banheiro. A atividade paranormal, viu-se depois, ocorreu devido a um vazamento de água quente que encheu a casa de CO. Resumindo: fique longe de monóxido de carbono porque, de um jeito ou de outro, você acabará vendo fantasmas.
3. Histeria em massa
Em junho de 2013, mais de três mil trabalhadores entraram em greve em uma fábrica têxtil em Gazipur, Bangladesh. Eles não estavam protestando contra a longa jornada de trabalho, nem pedindo aumento salarial – eles queriam que fosse feito algo contra os fantasmas do banheiro. Um espírito furioso tinha atacado uma funcionária no banheiro feminino, gerando pânico em todo mundo. Um tumulto se seguiu e a política teve que restabelecer a ordem.
Um evento similar ocorreu em uma escola em Phuket, Tailândia: 22 estudantes foram hospitalizados depois de verem o fantasma de uma idosa. Em Bangladesh, eles pediram um exorcista, mas na real talvez tivesse sido melhor chamar ajuda psicológica.
Os funcionários e os estudantes passaram por um fenômeno psicológico conhecido como histeria em massa. Essas ilusões coletivas ocorrem quando as pessoas estão bastante estressadas, geralmente graças a ambientes opressores (como uma escola rígida ou um local de trabalho atribulado). Esse estresse reprimido se transforma em sintomas físicos como dor de cabeça, náusea ou espasmos violentos. Misture isso à religião, crenças culturais e a um ambiente relativamente isolado, e você tem a receita para o desastre. Outras pessoas vão “pegar” os mesmos sintomas estranhos, eles se espalharão como uma epidemia, e se instaurará o pânico.
É interessante notar que poucos dos três mil funcionários de fato encontraram o fantasma. Mesmo a mulher que deu início à confusão não viu nada. Ela ficou doente e achou que fosse o trabalho de um espírito maligno, mas o poder de sugestão foi tão grande – e as circunstâncias, tão perfeitas – que todo mundo pirou. Felizmente, aquilo não acabou com nenhum sacrifício.
2. Íons
Infelizmente, caçadores de fantasmas reais não usam mochilas de prótons como no filme. No entanto, eles usam ferramentas como o contador de íons – que serve, bem, para contar íons, átomos com uma quantidade desigual de prótons e elétrons. Se um átomo ganha um elétron, ele se torna um íon negativo; se perde um elétron, ele se torna positivo.
Os caçadores de fantasmas adoram íons porque eles supostamente mostram a presença paranormal. Alguns dizem que a presença de um espírito interfere com a contagem normal de íons na atmosfera, enquanto outros dizem que fantasmas usam a energia iônica quando querem aparecer e assustar as pessoas.
No entanto, esses contadores são muito ruins quando se trata de detectar fantasmas. Os íons surgem devido a todo tipo de fenômeno natural: mudança no tempo meteorológico, radiação solar e gás radônio, por exemplo. Por isso, o valor obtido pelo contador basicamente depende de quem o interpreta. Os cientistas veem a mudança nos íons e pensam: “é natural”. Os caçadores do fantasma veem a mesma coisa e pensam, “é paranormal!”.
Curiosamente, os íons positivos e negativos podem afetar o nosso humor. Os íons negativos podem nos fazer sentir calmos e relaxados, enquanto íons positivos podem nos dar dores de cabeça e nos fazer sentir cansados. Isso pode explicar por que pessoas que vivem em casas “assombradas” dizem se sentir cansadas e tensas, e têm dores de cabeça.
1. Mecânica quântica
A mecânica quântica é o estudo dos menores tipos de matéria, e ela começa a ficar meio estranha quando físicos começam a falar sobre almas e fantasmas. Tomemos, por exemplo, o Dr. Stuart Hameroff e seu amigo físico Roger Penrose. Hameroff e Penrose teorizam que a consciência humana vem de microtubos dentro de nossas células cerebrais, e esses túbulos são responsáveis pelo processamento quântico (nossas almas, basicamente).
Hameroff e Penrose acreditam que, quando as pessoas têm uma experiência de quase-morte, toda aquela informação quântica deixa o cérebro, mas ainda continua a existir. Por isso, algumas pessoas relatam experiências fora do corpo e luzes no final do túnel.
Como é de se esperar, muitos cientistas têm problemas com essa teoria de Hameroff e Penrose. Mas o Dr. Henry Stapp não é um deles, e ele é um físico quântico respeitado, que trabalhou com Werner Heisenberg (famoso físico e ganhador do prêmio Nobel).
Stapp acredita que a personalidade de uma pessoa pode ser capaz de sobreviver à morte e existir como uma “entidade mental”. Stapp teoriza que, se essas entidades pudessem retornar ao mundo físico, então conceitos como posse e canalização poderiam ser mesmo possíveis. Cientistas como Stapp, Hameroff e Penrose são apenas pensadores fora da curva, ou Galileus dos tempos modernos?
Fonte: GIZMODO