‘Abominável Caranguejo das Neves’ é descoberto na Antártida
Nova espécie pode medir de meio até 15 centímetros
Na mitologia de diversos povos do Himalaia, existe uma lenda sobre uma criatura simiesca enorme, branca e peluda que viveria nas montanhas congeladas da cordilheira. O bicho é chamado de Yeti, que em nepalês significa “homem da montanha”. Aqui no Brasil, ele é mais conhecido como o Abominável Homem das Neves, uma espécie de Pé Grande do gelo. Em 2005, pesquisadores descobriram um curioso tipo de crustáceo vivendo em fontes hidrotermais nas profundezas do Oceano Pacífico - eles tinham as patas peludas. Adivinha como foram apelidados? Caranguejos Yeti. Ao longo de uma década, só foram descobertas duas espécies desta família. Mas um artigo publicado nesta quarta-feira (24) acaba de descrever uma terceira espécie, encontrada no leito oceânico da Antártida, a 2,6 quilômetros de profundidade.
Batizado de Kiwa tyleri, o caranguejo foi avistado pela primeira vez em 2010, quando os cientistas mandaram um “drone” submarino para investigar as fontes hidrotermais de uma cordilheira vulcânica subaquática localizada a leste da placa tectônica de Scotia, que fica nas proximidades do continente antártico. “Nós soubemos de imediato que encontraríamos algo tremendamente novo e único na pesquisa com fonte hidrotermal”, disse a National Geographic o líder do estudo, Sven Thatje, ecologista da Universidade de Southampton. O tamanho destes animais pode variar de meio centímetro até 15 centímetros, mas o K. tyleri vive em um ambiente muito mais hostil que seus parentes - as águas que habita costumam estar em uma temperatura que beira o congelamento. Para escapar do frio extremo, estes crustáceos se amontoam em torno das fontes hidrotermais que, em contrapartida, expelem um líquido superquente, que chega aos 400 graus Celsius. Longe demais, congelam; perto demais, fervem.
Nas colônias ao redor de fontes hidrotermais, até 700 caranguejos se amontoam em um metro quadrado
Como a água esfria rapidamente conforme se afasta das fontes, eles precisam ficar muito mais grudados do que seus “primos” do Pacífico. Segundo Thatje, cerca de 700 espécimes chegam a se espremer em um metro quadrado, preenchendo cada espaço vazio. Estes caranguejos também são bem mais robustos, compactos e adaptados a escalar, com as patas dianteiras menores e reforçadas. Tudo para conseguir se locomover melhor pela fonte hidrotermal. A equipe também notou que algumas fêmeas, curiosamente, se afastavam demais da zona habitável. A hipótese é que o K. tyleri, assim como outros animais que vivem nas profundezas do oceano, precisam de águas mais frias para se reproduzir. É provável que, para conseguir gerar larvas uma única vez durante suas vidas, as fêmeas enfrentem um duro sacrifício - a água congelante deteriora visivelmente seus corpos.
Mas, afinal, qual é a do visual Tony Ramos? Darwin explica: como a luz do sol não chega até o lugar onde vivem, os caranguejos precisaram desenvolver um mecanismo especial para obter energia. Os pelos servem para atrair bactérias, a principal fonte de alimento desta espécie. Para o ecologista oceânico Andrew Thurber, um dos cientistas que descreveu a segunda espécie conhecida de caranguejos Yeti, descoberta no litoral da Costa Rica em 2011, o fato de terem encontrado um familiar na Antártida é incrível. Ele chama a atenção para o fato de que, até uma década atrás, ninguém sabia da existência destes crustáceos. “Isso só identifica como ainda conhecemos pouco e como algumas dessas novas espécies podem ser muito mais difundidas do que pensávamos”.
Fontes: Galileu via National Geographic