Vestígios de ocupação de 4 000 anos podem revelar como era o Rio de Janeiro pré-histórico
Os artefatos estavam em sambaquis (depósitos orgânicos e calcários de povos caçadores-coletores) descobertos por arqueólogos em meio ao material recolhido em 2013 no canteiro de obras do metrô.
Escavações do metrô do Rio de Janeiro revelaram quase 500 artefatos feitos com pedras e conchas, vestígios de uma ocupação humana que viveu entre 3 000 a 4 000 anos atrás na capital fluminense. Os restos de um sambaqui (depósitos orgânicos e calcários de povos caçadores-coletores) foram descobertos por arqueólogos em meio ao material recolhido em 2013 no canteiro de obras para a ampliação da Linha 4, no bairro da Leopoldina.
Entre os cerca de 50 artefatos já catalogados há pontas de lanças, raspadores usados para cortar carne, machadinhas e batedores, uma espécie de martelo primitivo.
"As peças pré-históricas vão nos ajudar a contar uma parte importante da história do processo populacional primitivo no Rio de Janeiro. Deparar-se com uma descoberta destas no centro do Rio, uma área que já passou por vários ciclos de ocupação e é tão movimentada, é fantástico", afirmou o arqueólogo Claudio Prada de Mello, coordenador da equipe que descobriu os objetos.
Antes de ser aterrado, o bairro era uma região pantanosa, propícia para a ocupação de povos nômades, que viviam da caça, pesca e coleta de alimentos. O material encontrado data de antes do surgimento dos índios organizados em tribos e será analisado pelos pesquisadores para tentar descobrir mais detalhes sobre os hábitos desses povos.
Sítio arqueológico - As escavações para o metrô foram concluídas e, aos poucos, os cientistas estão pesquisando e catalogando as descobertas. A área das descobertas é o local onde funcionava o Matadouro Imperial que, após demolido e transferido de lugar em 1881, foi coberto com terra.
No mesmo terreno, em outra camada de escavação, foram também achados há alguns anos cerca de 220 000 artefatos, restos e objetos de uso cotidiano da época do imperador Dom Pedro II, como perfumes, remédios, louças, porcelanas, garrafas, cerâmicas e joias de ouro.
Fonte: VEJA