10 culturas perdidas que podem mudar páginas da nossa história
A história não é escrita em pedra (pelo menos não figurativamente). Às vezes, descobertas de arqueólogos, historiadores e outros pesquisadores desenterram segredos de culturas diferentes e perdidas e percebemos que nosso conhecimento tem que mudar. Além disso, muitos mistérios permanecem.
10. A Ani subterrânea, na Turquia
Embora tenha sido a capital do Reino da Armênia, a cidade de 5.000 anos de Ani agora se encontra dentro das fronteiras da Turquia. Uma vez chamada de “Cidade das 1.001 Igrejas” ou “Cidade dos Quarenta Portões”, a ex-próspera e regionalmente dominante Ani foi abandonada há mais de 300 anos.
Sua história é violenta, com a cidade-estado tendo sido conquistada centenas de vezes. Em vários pontos, Ani foi governada por armênios, bizantinos, georgianos, curdos, turcos otomanos e russos. Após a Primeira Guerra Mundial, funcionários turcos ordenaram a obliteração dos monumentos de Ani. Embora a destruição oficial não tenha sido completa, saqueadores e vândalos adicionaram à ruína.
Parecia um fim triste para a história da cidade e sua cultura, até que pesquisadores descobriram os segredos da “Ani subterrânea”. Em 2014, na Universidade Kafkas, na Turquia, o historiador Sezai Yazici contou como George Gurdjieff Ivanovic e seu amigo Pogosyan estavam cavando em um túnel sob as ruínas de Ani na década de 1880, quando perceberam que o solo tinha mudado. Logo, eles tropeçaram em uma escola mesopotâmica famosa, usada nos séculos VI e VII. Eles também encontraram cartas escritas entre monges em uma língua armênia antiga.
As descobertas foram confirmadas por pesquisadores italianos em 1915. A Ani subterrânea tinha uma escola, um mosteiro, casas de pedra, casas de monges, canais de água, salas de meditação e mais de 500 metros de túneis complexos. Pelo menos 823 estruturas e cavernas foram identificadas. Yazici quer que este complexo subterrâneo seja promovido pelo Ministério da Cultura e Turismo da Turquia.
9. Silla, na Coréia
Silla existiu, em sua época, como um dos três reinos na Coréia. Os outros dois eram Goguryeo e Baekje. Começando em 57 aC como um pequeno estado tribal, cresceu ao longo do tempo para abranger mais da metade da península coreana, principalmente o sul.
Silla desenvolveu um poder centralizado, sendo que a família real consolidou seu direito de governar criando um sistema de status social chamado kolpum. Similar com o “nascer com sangue real”, todos os governantes inicialmente tinham que ter “osso sagrado”. Esse sistema de castas também controlava as opções de carreira, o tamanho das casas e carros, e a cor das roupas.
Silla combinou forças com a China para conquistar Baekje em 660 e Goguryeo em 668. Com apenas uma pequena parte do norte da Coréia do lado de fora de seu comando, os três reinos tornaram-se conhecidos como o “Reino Unificado de Silla”. Muito dessa história permanece um mistério, incluindo o Hwarang, um grupo de elite de jovens cujo papel militar e religioso é objeto de grande debate.
Silla introduziu o budismo como a força dominante na cultura da Coréia, incluindo sua arte, tradições e governo. A cidade capital do reino era Gyeongju, ainda o lar de impressionantes artes budistas. Antes da ascensão dessa religão, joias valiosas, armas e cerâmica eram normalmente colocadas em túmulos para ajudar o falecido em sua próxima vida. Após a introdução do budismo, a arte valiosa foi colocada em exposição pública, em vez de em túmulos, porque budistas acreditam que a arte é para os vivos. O governo também restaurou muitos templos, incluindo o famoso Templo Pulguksa, fortemente influenciado pela arquitetura Tang chinesa. Entre outros avanços, os coreanos também desenvolveram uma espécie de “impressão” móvel dois séculos antes de Gutenberg.
Em 935, Silla foi conquistada pela dinastia Goryeo. Tendo sobrevivido 992 anos, Silla foi o reino mais longo da história da Coréia. Embora sua importância cultural seja clara para alguns moradores locais, sua história é quase completamente desconhecida fora da Coréia.
8. Cucuteni-Trypillian, na Europa Oriental
Em 1893, ruínas de uma aldeia chamada Trypillia foram descobertas na região central da Ucrânia, provocando uma exploração arqueológica que revelou uma cultura fascinante que se estendeu por 35.000 quilômetros quadrados no que hoje é a Ucrânia, Romênia e Moldávia. A cultura Cucuteni-Trypillian existiu de 5400 aC a 2700 aC, com algumas das suas cidades hospedando até 15 mil habitantes e milhares de edifícios. Muitos de seus assentamentos ficavam a apenas 3 a 4 km de distância.
O povo Cucuteni-Trypillian vivia em uma sociedade matriarcal, com a adoração de uma Grande Deusa e crença na vida após a morte. Escavações descobriram altares decorados, cerâmica e estatuetas feitas de metal. A partir de imagens nos artefatos, os arqueólogos concluíram que mulheres aravam, criavam cerâmica e faziam roupas. Homens caçavam, criavam animais e faziam ferramentas. Eles planejavam suas cidades utilizando modelos de barro dos edifícios. Com cobre e pedra, derrubavam milhares de árvores para construir prédios de vários andares em seus assentamentos. Paredes e pisos eram revestidos com barro, pintados de branco e vermelho e decorados para manter os moradores a salvo de espíritos malignos.
As pessoas da cultura Cucuteni-Trypillian também construíam templos. Estranhamente, no entanto, elas se engajavam em um ritual bizarro de queimar a aldeia inteira a cada 60 a 80 anos, às vezes reconstruindo os mesmos edifícios ao longo das ruínas. Na Romênia, os arqueólogos encontraram 13 camadas de assentamentos no mesmo local. Em alguns casos, o povo se mudava para outra área para reconstruir suas casas. Os cientistas têm teorias diferentes a respeito de porque o povo Cucuteni-Trypillian fazia isso, mas o motivo real permanece um mistério.
7. Sican, no Peru
Entre cerca de 750 dC e 1375 dC, a cultura Sican prosperou no Vale do Lambayeque no Peru. O povo Sican pode ser descendente dos Moche, mas ninguém realmente sabe exatamente como a cultura começou. A lenda diz que o líder mítico Naymlap navegou em águas próximas a Lambayeque com o seu povo, construindo palácios e templos na região. Mais provavelmente, no entanto, os Sican se separaram da civilização Wari no oitavo século para estabelecer a sua própria cultura.
Eles utilizavam tecnologia de irrigação como os Moche, mas a cultura Sican tinha diferentes práticas funerárias. Em vez de enterrar seus mortos deitados, eles enterraram pessoas sentadas. Seus governantes eram sepultados com bens valiosos de ouro e prata. Há alguma evidência de sacrifício humano ritual em massa para celebrar a morte, embora eles não fossem um povo guerreiro.
Mas eram ostentativos, no entanto. A classe alta gostava de usar túnicas, luvas e joias feitas de ouro. Também usavam cocares de penas vistosas. Os Sican produziam cerâmica preta polida, e peças de metal com ouro e turquesa. Eles criaram algumas das peças mais célebres de arte dos Andes.
Voltando à lenda do povo Sican, eles acreditavam que, depois de 12 netos de Naymlap governarem a terra, um fez uma “caca”: moveu um ídolo de pedra que não deveria ter mexido. Isso causou chuvas e inundações que levaram à destruição em massa da cultura em torno de 1100 dC. Do ponto de vista científico, a análise de amostras indica que um evento climático El Nino provavelmente ocorreu nessa área na época. Em seguida, os Sican abandonaram seu sistema monetário, a maior parte de suas estruturas políticas e religiosas e sua cidade mais importante, Batan Grande, que sofreu danos significativos nas enchentes. Além disso, seus edifícios podem ter sido deliberadamente queimados. A evidência arqueológica não é clara.
O povo Sican estabeleceu uma nova capital em Tucume, antes de serem conquistados pelos guerreiros Chimu no século 14.
6. Qijia, na China
Na década de 1920, um geólogo sueco descobriu a primeira evidência do povo Qijia em Gansu, no noroeste da China. Ao longo do tempo, mais sítios arqueológicos foram encontrados, sugerindo que a cultura existiu de cerca de 2250 aC a 1900 BC.
Os Qijia se espalharam ao longo do rio Amarelo e outros que fluíam para ele. Apesar dos rios, o clima era seco, levando as pessoas a cultivar culturas adequadas e criar animais como cabras, porcos e ovelhas. Eles viviam em pequenos povoados onde os arqueólogos encontraram evidências de sacrifícios humanos, embora ninguém saiba para quem ou por que eles faziam isso. Famílias muitas vezes eram sepultadas em um único túmulo, junto com cerâmica, joias e armas. Os cientistas também descobriram artefatos utilizados para prever o futuro.
Em 1999, arqueólogos chineses tropeçaram em um mistério Qijia: escavando uma casa semissubterrânea em uma aldeia de 400 habitantes, eles descobriram 14 conjuntos de ossos humanos em três grupos de três a cinco pessoas cada. Os arqueólogos nunca tinham visto tantas pessoas antigas em uma única casa. Cada grupo era composto por um adulto protegendo 2 a 4 crianças. Parecia que todo mundo tinha morrido de repente em um evento catastrófico.
Os jovens e fortes pareciam ter fugido, deixando para trás crianças e idosos que então se esconderam em lugares que achava que eram seguros. Os pesquisadores agora creem que um grande terremoto atingiu a vila, possivelmente seguido por inundações. Embora tenha havido danos catastróficos, um artefato interessante foi preservado. Arqueólogos descobriram uma tigela de cerâmica de cabeça para baixo. Quando virada, foi encontrado o mais antigo macarrão da China.
5. Srubna, na Europa Oriental
A cultura Srubna (ou “Srubnaya”) existiu aproximadamente em 1950 aC a 1200 aC, na região dos Montes Urais, a região central da Ucrânia. Em russo, “srub” significa algo como “quadro de madeira”, o que explica por que essa cultura é mais conhecida por suas câmaras funerárias, assemelhando-se a cabanas de madeira, localizadas sob túmulos chamados “kurgans”.
As câmaras funerárias, consideradas as casas dos mortos, pareciam muito com os cômodos nos quais as pessoas viviam acima do solo. Mesmo assim, mais de 95% dos mortos da cultura Srubna eram enterrados em sepulturas de barro regulares. Assim, o nome dado a ela é um pouco enganador.
Pesquisadores descobriram milhares de pequenos assentamentos Srubna por toda a Europa Oriental, a maioria com apenas algumas casas cada um, e com certas diferenças. Portanto, Srubna é mais uma família de culturas do que algo bem unificado. No entanto, os arqueólogos sabem muito pouco sobre essas pessoas, e não têm sido capazes de dividi-los em grupos claros.
Os cientistas têm encontrado principalmente fragmentos de cerâmica e ferramentas feitas de pedra ou bronze nesses sítios. Muitos parecem ser pobres em sentido material. Há alguma evidência de agricultura, mas mais de criação de animais, principalmente vacas, cavalos, porcos e ovelhas. No geral, os estudiosos debatem sobre como interpretar esses achados.
Em 2011, arqueólogos descobriram o que parecia ser um relógio de pedra em um dos túmulos Srubna. Um pesquisador da Universidade Federal do Sul na Rússia confirmou que as marcações mostrariam o tempo com precisão. O objeto é surpreendentemente sofisticado, do ponto de vista da geometria.
4. Dorset, no Canadá Ártico e na Groenlândia
Nomeado por arqueólogos após a localização de um sítio de escavação, o povo Dorset habitou o Canadá Ártico e a Groenlândia a partir de cerca de 800 aC a 1300 dC. Não sabemos de onde eles vieram ou por que desapareceram, mas sabemos que eram muito isolados. A pesca e a caça de animais eram seu sustento.
O pouco que entendemos dessa cultura é uma combinação de análise científica com histórias contadas pelo povo Inuit. Eles chamavam os Dorset de “Tunit”, e parecem ter encontrado com essas pessoas cerca de mil anos atrás, quando cruzaram o Alasca até o Canadá. De acordo com os Inuit, o povo Dorset era extremamente forte, mas gentil. Eles eram “gigantes” e caçadores habilidosos. Podiam agarrar o pescoço de uma morsa com uma linha de arpão e arrastá-la para casa.
Suas ferramentas são misteriosas. Elas eram tão pequenas e precisas que pareciam impróprias para atividades como raspar peles ou tarefas domésticas diárias. Os Dorset pareciam fazer comércios, mas há pouca evidência de que fizeram avanços tecnológicos. Nada indica que eles usavam coisas como trenós puxados por cães ou caiaques.
Os Inuit alegam que os homens Dorset eram loucamente apaixonados por suas esposas. Isso talvez seja porque poucas mulheres parecem ter vivido entre eles. De acordo com a análise de DNA das amostras do povo, havia pouca diversidade de herança materna, o que significa que só algumas mulheres migraram com os homens para essas regiões frias. Eles não parecem ter casado ou tido relações sexuais com visitantes de outras culturas. Não podemos dizer por que os Dorset eram tão completamente isolados, mas isso pode ter a ver com suas crenças espirituais.
3. Magan, no Omã
Cerca de 5.000 anos atrás, no século III aC, uma cultura milenar conhecida como a civilização Magan habitou o que é agora o nordeste de Omã. Os arqueólogos escavaram os sítios de Bat, Al-Khutm e Al-Ayn, acreditando que eles eram centros comerciais antigos com a Mesopotâmia de 3000 aC a 2000 aC. Há também um grande cemitério e estruturas de pedra maciças conhecidas como “torres”, que parecem ser plataformas de templos, casas ou outras estruturas que não estão mais presentes.
Os arqueólogos não entendem como esses locais eram usados ainda. Os Magan provavelmente viviam de mineração de cobre, e negociavam com outras culturas. É um verdadeiro mistério tentar determinar quem foram essas pessoas, onde exatamente se estabeleceram e o que faziam, no entanto, porque elas não usavam escrita ou arte para gravar sua história ou organizar suas sociedades. Sabemos muito pouco sobre seu modo de vida, embora os Magan tivessem um impacto significativo sobre seus vizinhos. Várias outras culturas os nomeiam em seus registros. Relatos da Assíria, do Vale do Indo e de civilizações sumérias chamam Magan de “montanha de cobre” e creditam seu sucesso econômico à negociação de cobre, pedra e madeira com seu povo.
2. Cultura desconhecida, no Peru
Em 2014, uma equipe de arqueólogos poloneses, peruanos e colombianos anunciou uma descoberta surpreendente no norte do deserto de Atacama, no Peru. Eles encontraram 150 múmias de uma cultura desconhecida, datada de um período a partir do século IV ao VII dC, quase 500 anos antes dos Tiwanaku (uma civilização que antecedeu os incas) aparecer na região.
Envoltos em esteiras, saias de algodão ou redes, os corpos foram enterrados na areia sem quaisquer estruturas que indicassem sua presença, o que pode explicar por que nunca foram encontrados. Embora os arqueólogos não saibam quase nada sobre essas pessoas, os enterros dão alguma informação limitada sobre sua cultura.
Os cientistas encontraram maças que podem esmagar crânios, arcos e cabeças de obsidiana nos túmulos, o que pode indicar que as pessoas enterradas pertenciam a alguma elite. A presença de arcos foi particularmente interessante, porque estes são artefatos raros no Peru. Um lhama também foi encontrada, o que significa que esses animais foram trazidos para esta área do Peru muito mais cedo do que pensávamos.
Os arqueólogos descobriram cerâmica, ferramentas e joias de metal enterradas com os corpos. As múmias também tinham vime preso aos seus ouvidos, que poderia representar dispositivos de comunicação utilizados pelos vivos para falar com os mortos.
Examinando os cestos e redes de pesca, os pesquisadores creem que esse povo vivia de agricultura a pesca. Também concluíram que eles usavam ornamentos e gostavam de fazer penteados no cabelo. Estes detalhes indicam uma cultura avançada que viveu em parte do Peru em uma época que antes pensávamos ser desabitada.
1. Hongshan, na China
A história da civilização chinesa pode estar em grande reformulação. Até recentemente, acreditava-se que a dinastia Xia era a origem dessa cultura na região do vale do Rio Amarelo, cerca de 4.100 anos atrás. Agora, os pesquisadores estão debatendo se a civilização chinesa, na verdade, começou com a cultura Hongshan 6.500 anos atrás.
Os Hongshan viveram em uma área que é hoje as províncias de Liaoning e Hebei, no nordeste da China. Mesmo que tenha produzido alguns dos primeiros artefatos de jade, incluindo o primeiro símbolo de dragão conhecido, a cultura Hongshan é normalmente desconsiderada porque floresceu muito longe da fonte original da civilização chinesa.
Ela era complexa, como sugerido por um templo dedicado a uma deusa e evidências arqueológicas de que eles faziam comércio com pastores da Mongólia. Os cientistas também descobriram muitos artefatos Hongshan na Terra de Hunshandake Sandy, que fica a 300 quilômetros mais a oeste do que onde a cultura foi originalmente descoberta.
O elemento surpreendente foi que os artefatos sugeriram que os Hongshan pescavam e caçavam na região. Antes, acreditávamos que o deserto em Hunshandake tinha em torno de um milhão de anos. Uma nova pesquisa estima a idade do deserto em meros 4.000 anos. Isso significa que o clima mudou radicalmente enquanto os Hongshan moravam lá.
Segundo o paleoclimatologista Louis Scuderi, havia muita água na região, grandes lagos, pastagens e florestas. Com base em todos os artefatos encontrados, fica claro que uma população muito grande viveu ao longo das margens desses lagos. Agora, alguns cientistas acreditam que, quando a região de 20.000 quilômetros quadrados foi transformada em um deserto, cerca de 4.200 anos atrás, os Hongshan foram forçados a migrar para o sul para a sobrevivência. Assim, podem ter desempenhado um papel mais importante na criação de civilização chinesa do que inicialmente pensávamos.
Fonte: Hypescience por ListVerse