Cavalo-marinho ‘grávido’ se comporta como gestante humana
Fêmea deposita óvulos no macho, que os fertiliza e cuida dos embriões até o nascimento
Não é de hoje que cientistas sabem que machos de cavalo-marinho ficam ‘grávidos’. Essa espécie faz parte da única família do reino animal capaz de realizar a façanha: os Syngnathidae, que incluem ainda o peixe-agulha e o dragão-marinho.
O cavalo-marinho carrega os óvulos da fêmea em uma bolsa especial. Por isso, cabe a ela escolher o parceiro que seja maior e apresente mais ornamentos em seu corpo. É nele que ela vai depositar seus óvulos.
Para atrair a fêmea, o macho precisa fazer uma dança do acasalamento. Ele, então, fertiliza esses óvulos e passa a tomar conta dos embriões enquanto eles crescem.
Cientistas da Universidade de Sydney, na Austrália, agora conseguiram observar com mais detalhes o processo pelo qual o cavalo-marinho nutre os embriões.
Nutrientes e proteção
Em artigo publicado na revista científica Molecular Biology and Evolution, os pesquisadores descrevem como o macho fornece os nutrientes vitais para as centenas de filhotes que estão se desenvolvendo em sua bolsa. Entre esses alimentos estão gorduras e cálcio, necessários para a geração de energia e a formação dos ossos.
“Surpreendentemente, os pais cavalos-marinhos fazem muitas das coisas que nós, mulheres, fazemos por nossos bebês”, afirma Camilla Whittington, principal autora do novo estudo, que examina a gravidez em machos.
“Os bebês cavalos-marinhos obtêm grande parte de seus nutrientes através da ‘gema’ do óvulo vindo da mãe, mas a bolsa do macho evoluiu para poder acomodar o complexo desafio de proteger os embriões de infecções, fornecer nutrientes adicionais, e ainda fazer a troca de oxigênio e gás carbônico e administrar a eliminação dos excessos digestivos”, explica a cientista.
Os estudiosos também monitoraram as mudanças genéticas que ocorrem conforme os embriões se desenvolvem. Também nisso o processo pode ser comparado ao que ocorre no ser humano.
“Nós evoluímos de maneira independente para superar esses desafios, mas nossa pesquisa sugere que até mesmo animais com um parentesco extremamente distante usam genes semelhantes para administrar a gestação e produzir filhotes saudáveis”, conclui Whittington.
Fonte: BBC e Molecular Biology and Evolution