Registro de Era Glacial é encontrado em Marte
Cientistas usando dados de radar da Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) da NASA encontraram um registro da mais recente era glacial marciana gravada na calota de gelo polar ao norte de Marte.
Os novos resultados confirmam os modelos anteriores que indicam que um período glacial terminou há cerca de 400.000 anos atrás, bem como previsões sobre quanto gelo teria sido acumulado nos pólos desde então.
Os resultados, publicados na edição de 27 de maio da revista Science, ajudam a refinar os modelos do passado do planeta vermelho e do clima futuro, permitindo que os cientistas determinem os movimentos do gelo entre os pólos e latitudes médias, e a qual volume.
Marte tem calotas polares brilhantes de gelo que são facilmente visíveis a partir de telescópios na Terra. Uma cobertura sazonal do gelo de dióxido de carbono e neve é observada avançando e recuando sobre os pólos durante o ano marciano.
Mas Marte também sofre variações em sua inclinação e na forma da sua órbita ao longo de centenas de milhares de anos. Estas alterações causam mudanças substanciais no clima do planeta, incluindo as eras do gelo. A Terra tem fases semelhantes, mas menos variáveis, chamados ciclos de Milankovitch.
De acordo com os pesquisadores que estudaram as camadas polares durante oito anos, as eras glaciais no planeta teriam sido formadas de forma semelhante à que ocorreu na Terra: mudanças de longo prazo na inclinação do eixo do planeta e em sua órbita fazem a radiação solar incidir em determinadas latitudes mais que em outras (deixando algumas com acúmulo de gelo). Em Marte, no entanto, essas mudanças parecem ser mais acentuadas, já que, enquanto a Terra muda 2 graus em sua inclinação em centenas de milhares de anos (ou até milhões), Marte chega a modificar em até 60 graus a inclinação do planeta no mesmo período – essa grande variedade no eixo de rotação influencia na quantidade de raios solares que atingem a superfície, assim como na estabilidade do gelo em todas as latitudes. A maior incidência de raios solares na área central do planeta faz com que o gelo se acumule nos polos.
Com os novos dados, os pesquisadores estimam que, desde a última era glacial no planeta há 370.000 anos, cerca de 87.000 quilômetros cúbicos de gelo teriam se acumulado no polo Norte do planeta, equivalentes a uma espessura de 60 centímetros se o gelo se espalhasse por toda extensão de Marte. “Estudar o gelo em Marte é importante para o futuro da exploração humana no planeta vermelho. A água será um recurso escasso em uma possível Estação marciana”, afirmou Isaac Smith, um dos pesquisadores responsáveis.
por Adriano Reis