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Esta alga pode estar semeando os céus do mundo com nuvens

O microorganismo marinho Emiliania huxleyi - Steve Gschmeissner / Science Source

Uma pesquisa publicada na CellPress e detalhada na ScienceMag, sugere que um vírus que está matando um tipo específico de algas pode estar ajudando a semear os céus com nuvens.

Os pesquisadores concluíram que a alga unicelular Emiliania huxley, depois que morre, fornece o núcleo no qual o vapor de água pode se condensar para formar gotículas, que por sua vez se tornam nuvens. Estes microorganismos são os mais abundantes dos oceanos, fazendo parte da base da cadeia alimentar.

Para se ter uma ideia, as flores da alga unicelular chamada Emiliania huxleyi pode cobrir milhares de quilômetros quadrados de oceano. Muitos desses organismos possuem conchas que são feitas de placas de carbonato de cálcio chamadas cocólitos (grego para “grão de pedra”). E quando esses organismos morrem, suas conchas se desfazem. A grande maioria desses cocólitos cai no leito oceânico para se acumular com lodo e outros materiais para finalmente se tornarem rochas sedimentares. Mas alguns são lançados no ar quebrando ondas ou estourando bolhas.


Infecções virais fazem com que o microorganismo marinho Emiliania huxleyi morra e se desfaça. M. TRAINIC ET AL . ISCIENCE 10.1016 (2018)

Já é sabido do importante papel dos cocólitos na formação das nuvens, mas os cientistas agora puderam observar o que pode influenciar na morte destes organismos e consequentemente no aumento deles nas nuvens.

Nos testes, os pesquisadores infectaram as algas flutuantes com o vírus E. huxleyi, ou EhV, e observaram que o número de cocólitos no ar cresceram quase 10 vezes. Isso significa que os cocólitos transportados pelo ar  podem desempenhar um importante papel na formação de nuvens acima dos oceanos.

Outra questão levantada pelos pesquisadores é de que os cocólitos também podem estar influenciando a química atmosférica. Por exemplo, o carbonato de cálcio em cocólitos provavelmente reagiria com sulfeto de dimetila, um gás produzido por  E. huxleyi  e outros microrganismos marinhos, e o removeria da atmosfera. Esse processo, por sua vez, pode realmente reduzir o número total de aerossóis formadores de nuvens sobre o oceano. Assim, o aumento do número de cocólitos no ar marinho, devido a infecções virais de microrganismos marinhos, pode  reduzir formação de nuvens, não aumentá-lo.