USP lança cartilha sobre Nanotecnologia
Afinal, o que é nanotecnologia? E o que seria a nanociência? Para explicar esses conceitos, os professores do Instituto de Química (IQ) da USP, em São Paulo, Henrique Toma e Delmárcio Gomes da Silva, desenvolveram a cartilha Nanotecnologia para Todos!
O projeto, feito a quatro mãos, teve o apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP e foi lançada no dia 12 de outubro. O Santander Universidades viabilizou a produção do material. Sua primeira tiragem impressa foi distribuída para três escolas públicas e uma privada em eventos de divulgação. A cartilha também possui versão on-line gratuita e pode ser acessada por qualquer pessoa neste link.
O professor Delmárcio ajuda entender o conceito de nanotecnologia e a cartilha:
O que é nanotecnologia?
O termo nanotecnologia se popularizou nos anos 1980 com o engenheiro K. Eric Drexler, que propôs que, um dia, máquinas nanométricas conseguiriam manipular os átomos. “Nano é uma dimensão muito pequena. Falamos de uma escala um milhão de vezes menor do que o milímetro”.
A cartilha explica que a nanotecnologia – hoje com aplicações mais simples do que quando Drexler a concebeu pela primeira vez – é o “design e a produção de estruturas, materiais e dispositivos a partir do controle da forma e do tamanho em escalas nanométricas”. Ou seja, é uma tecnologia que se utiliza da escala nanométrica para desenvolver novos objetos que facilitarão a vida do ser humano no futuro.
A aplicação da nanotecnologia no dia a dia
Delmárcio afirma que cada vez mais a nanotecnologia aparecerá em nossas rotinas. “Passamos por um avanço muito grande na regulamentação da nanotecnologia no Brasil. Neste ano, acredito que produtos com nanopartículas estarão ainda mais acessíveis para os consumidores”.
A cartilha lista os muitos e diferenciados usos da nanotecnologia pela ciência. “Temos hoje o desenvolvimento de roupas que não sujam e não molham. São roupas com um tratamento na superfície que permitem alguns efeitos diferentes das roupas comuns. Há também uma nova geração de células solares e o uso de nanotecnologia no tratamento de câncer, por exemplo”.
Um ponto interessante desse conceito é que a nanotecnologia usa como base eventos que já ocorrem na natureza há anos. O professor do Instituto de Química explica que, por exemplo, a roupa que não suja e não molha veio da mesma habilidade que a flor de lótus possui em suas folhas.
A cartilha
Nanotecnologia para Todos! foi desenvolvida pelos professores do Instituto de Química da USP para ser didática. Ela possui uma linguagem simples, não científica, e utiliza muitas imagens e personagens para criar uma relação mais direta com o leitor. A cartilha foi idealizada para os estudantes do ensino médio e ensino técnico brasileiros, que não têm contato com o conteúdo, a fim de ensinar a eles como a nanociência funciona no dia a dia.
“A cartilha faz uma reflexão para os alunos olharem para a natureza, observarem os fenômenos que estão à nossa volta e perceberem que muitos deles estão interligados a efeitos na escala nano”. Ela faz parte de um projeto maior chamado Ensinano e foi lançada em 12 de outubro deste ano.
Nanotecnologia no ensino médio
Nos Estados Unidos, a nanotecnologia já aparece como conteúdo didático nas escolas a partir dos 12 anos. A Iniciativa Nacional de Tecnologia (The National Nanotechnology Initiative) tornou-se projeto federal em 2003, quando George W. Bush assinou-a como lei.
No Brasil, a partir da reforma do ensino médio, o Ministério da Educação propôs e a nanotecnologia em suas diretrizes básicas de Ciências da Natureza e Ciências Exatas. Contudo, hoje, ela não aparece, senão em atividades extras pontuais. O professor Delmárcio diz que isso precisa mudar e sugere duas formas: primeiro, com a reforma, a criação de uma disciplina eletiva ao final do curso. Segundo, se a proposta de ensino médio à distância for consolidada, a criação de cursos on-line sobre nanotecnologia.
A escassez de conhecimento sobre nanotecnologia entre os jovens é, de fato, preocupante. E ela bate às portas das universidades. Delmárcio conta que, em janeiro do ano passado, fez uma atividade de recepção aos calouros do Instituto de Química (IQ) da USP sobre o tema. Ele levantou quantos alunos haviam tido contato com o conceito de nanotecnologia no ensino médio e o resultado o surpreendeu: 87% não haviam tido contado e os 13% restantes, na sua quase totalidade, eram estudantes de escolas particulares. “Isso me chamou atenção para a necessidade de criação de materiais específicos para discutir a nanotecnologia”, relata.
Como a Universidade colabora com o projeto
Delmárcio percebeu outro problema: muitos dos professores do ensino médio brasileiro não têm conhecimento sobre nanotecnologia para repassar aos alunos. “Para 2019, tivemos bolsas aprovadas pela Pró-Reitoria de Graduação e vamos promover um curso de capacitação de professores em nanotecnologia. Vamos trazer de volta os professores para a Universidade”, diz o professor com animação. Um livro paradidático específico, que trará vídeos e exercícios sobre o assunto, também está previsto para ser lançado no ano que vem.
Onde encontrar a Cartilha?
A cartilha Nanotecnologia para todos! está disponível gratuitamente no site do projeto Ensinano. Para baixá-la, é preciso fazer um simples cadastro com nome, e-mail e localização.
O material tem apoio da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da USP e sua versão digital está disponível para download em www.ensinano.com.br .
Fonte e divulgação: Jornal USP