Descobertas fósseis dão pistas sobre pterossauros no Saara há 100 milhões de anos
Três novas espécies de pterossauros dentados - répteis voadores do período Cretáceo, cerca de 100 milhões de anos atrás - foram identificadas na África por uma equipe internacional de cientistas liderada pela Universidade Baylor.
Os pterossauros, que planavam acima de um mundo dominado por predadores, faziam parte de um antigo ecossistema fluvial da África que fervilhava de vida, incluindo peixes, crocodilos, tartarugas e vários dinossauros predadores.
"Os restos de pterossauros são muito raros, com os mais conhecidos da Europa, América do Sul e Ásia. Esses novos achados são muito interessantes e fornecem uma janela para o mundo dos pterossauros na África - Cretáceo", disse a principal autora Megan L. Jacobs, candidata a doutorado em geociências na Baylor University.
O estudo, publicado na revista Cretaceous Research, está ajudando a descobrir a história evolutiva pouco conhecida da África durante o tempo dos dinossauros. A pesquisa constata que os pterossauros africanos eram bastante semelhantes aos encontrados em outros continentes. O mundo deles incluía caçadores de crocodilos e dinossauros carnívoros, com poucos herbívoros. Muitos predadores, incluindo os pterossauros dentados, predavam uma superabundância de peixes.
"Para animais tão grandes, eles pesariam muito pouco", disse Jacobs. "Suas envergaduras eram de 10 a 13 pés, com os ossos quase finos como papel e cheios de ar, muito parecidos com os pássaros. Isso permitiu que essas criaturas impressionantes atingissem tamanhos incríveis e ainda pudessem decolar e voar pelos céus".
Grandes pterossauros como esses teriam sido capazes de forragear centenas de quilômetros, com evidências fósseis mostrando que voaram entre a América do Sul e a África, semelhantes às aves atuais, como condores e albatrozes, disseram os pesquisadores.
Os espécimes - identificados por pesquisadores por pedaços de mandíbulas com dentes - foram obtidos de mineradores fósseis em uma pequena vila chamada Beggaa, nos arredores de Erfoud, no sudeste de Marrocos. Esses aldeões diariamente escalam a metade do caminho de uma grande escarpa, conhecida como camas Kem Kem, até uma camada de areia grossa, a parte mais fossilífera.
"Eles escavam tudo o que encontram, dos dentes aos ossos, até esqueletos quase completos", disse Jacobs. "Eles vendem suas descobertas para revendedores e cientistas que realizam trabalhos de campo, garantindo que os moradores ganhem dinheiro suficiente para sobreviver enquanto temos novos fósseis para descrever. Esses fragmentos de pterossauros são únicos e podem ser identificados facilmente - se você souber o que procurar."
Uma das espécies, Anhanguera, anteriormente era conhecida apenas por terem vivido no Brasil. Outro, Ornithocheirus, até agora só havia sido encontrado na Inglaterra e no meio da Ásia.
A descoberta deste ano eleva para cinco o total de pterossauros dentados cujos restos foram encontrados nos leitos de Kem Kem, sendo o primeiro descrito na década de 90 e o segundo no ano passado, disse Jacobs. Os espécimes farão parte de uma aquisição em um museu no Marrocos.