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Amazônia, Cerrado e Pantanal registram recordes de incêndios em setembro


Por WWF-Brasil: Os principais biomas brasileiros tiveram aumento do número de incêndios em setembro, em comparação aos focos registrados no mesmo mês em 2023, de acordo com dados do Programa BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). No acumulado de 2024, entre 1 de janeiro e 30 de setembro, a Amazônia, o Cerrado e o Pantanal também tiveram mais incêndios que no mesmo período do ano passado.

Em setembro, foram registrados 41.463 focos de incêndios na Amazônia, um aumento de 56,77% em comparação a setembro de 2023 (26.448 focos). O valor é próximo ao registrado em 2022 (41.292 focos) e 53% maior que a média de focos do mês de setembro nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 27.283. 

No acumulado do ano, entre 1 de janeiro e 30 de setembro, foram registrados 104.652 na Amazônia, um aumento de 83,9% em comparação ao mesmo período em 2023 (56.903 focos). É o maior número de incêndios registrados nos primeiros nove meses do ano desde 2007, quando 132.351 incêndios atingiram o bioma. O valor de 2024 é 53,3% maior que a média dos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 68.258 focos para o período de 1 de janeiro a 30 de setembro.
Cerrado
No Cerrado, foram registrados 29.319 focos em setembro, o que representa um aumento de 121,61% em comparação a setembro de 2023 (13.230 focos). É o pior mês de setembro desde 2012, quando foram registrados 30.053 focos. O número de focos em setembro de 2024 é 60% maior que a média do mês nos cinco anos anteriores (18.322 focos).

No acumulado do ano, o Cerrado teve 68.631 focos registrados, o que corresponde a um aumento de 87,5% em comparação aos primeiros nove meses de 2023, quando foram registrados 36.600 focos. O valor acumulado em 2024 é o maior para o período desde  2012, quando foram registrados 69.547 focos. É também 52,3% maior que a média dos cinco anos anteriores para o período, que é de 45.057 focos entre 1 de janeiro e 30 de setembro.
“Estamos sob uma condição climática mais severa. De janeiro até agora, o Brasil já queimou mais do que o dobro do mesmo período do ano passado”, afirma Daniel Silva, especialista em Conservação do WWF-Brasil. 

Segundo ele, um levantamento recente realizado pelo Mapbiomas e pelo  Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) aponta que  2,8 milhões de hectares das queimadas ocorreram em áreas privadas. 

“A situação requer uma postura mais consciente dos grandes produtores quanto ao uso do fogo e expansão de áreas para produção. Precisamos urgentemente parar o desmatamento e a degradação dos ecossistemas para enfrentarmos a perda de biodiversidade e os efeitos da crise climática”, declara Silva.
Pantanal
O Pantanal teve 2.688 focos de incêndios em setembro, um valor 620,64% mais alto que o registrado em setembro de 2023 (373 focos). Com isso, o bioma teve seu pior mês de setembro desde 2021, quando foram registrados 2.954 focos. O número é 8,3% menor que a média de setembro nos cinco anos anteriores (2.912 focos). Porém, essa média é impulsionada para cima pelos mais de 8 mil focos registrados em setembro de 2020, ano em que o Pantanal foi atingido por incêndios históricos que consumiram 30% da área do bioma.

No acumulado do ano, de 1 de janeiro a 30 de setembro, o Pantanal teve 11.855 focos de incêndios registrados, um valor 1.433,6% mais alto que o registrado nos primeiros nove meses do ano passado (773 focos). 

Os mais de 11 mil incêndios registrados em 2024 são a segunda pior marca para os primeiros nove meses do ano no Pantanal em toda a série histórica iniciada em 1998, perdendo apenas para 2020, quando foram registrados 17.577 focos no período. O valor de 2024 é também 93,4% maior que a média de incêndios neste período nos cinco anos anteriores (2019-2023), que é de 6.130 focos. 

De acordo com Cyntia Santos, analista de Conservação do WWF-Brasil, embora com menores números em comparação aos meses anteriores, o Pantanal continua com muitos focos de queimadas, com a maior parte no estado do Mato Grosso. 

“Os incêndios que acometem áreas transfronteiriças na Bolívia, que já atingiu mais de 5 milhões de hectares, geram uma ameaça iminente que precisa ser combatida com esforço transnacional”, afirma Cyntia. “As consequências das queimadas são muitas e variadas, desde a perda da biodiversidade até a manutenção das altas temperaturas, além de afetar diretamente a saúde das pessoas locais devido à poluição de fumaça na área da planície associada com a baixa umidade do ar.”